Publicado em: 23/06/2015 às 17:50hs
Isto porque há previsão de aumento de custos aos produtores rurais, principalmente relacionados a produtos agropecuários cotados em dólar, como máquinas agrícolas e implementos, além de fertilizantes, que trazem em sua composição itens importados.
“Além dos custos dos insumos mais altos, o custo de financiamento da próxima safra vai subir. Para a agricultura empresarial, a taxa de juros será de 8,75% ao ano, sendo que na safra passada (ainda vigente) foi de 6,5%. O médio produtor, especialmente do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), a taxa subiu 0,25% – de 7,5% para 7,75%”, cita o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura - SNA - Fernando Pimentel.
O PAP 2015/16 trará um número recorde de financiamentos no valor de R$ 187,7 bilhões, bem acima da safra 2014/15, que foi de R$ 156,1 bilhões. Diante do novo valor destinado aos produtores rurais, está previsto um aumento nos recursos de custeio e comercialização e espera-se que, consequentemente, haja queda nos empréstimos para investimentos, conforme perspectiva do governo federal.
“A preocupação maior no momento é manter os níveis de produção no campo. Com os recursos limitados pelo ajuste fiscal, as linhas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para investimento em máquinas e estruturas, ficam contingenciados”, alerta Pimentel.
Os juros, mais altos para o Plano Safra 2015/16, de acordo com a ministra Kátia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), acompanham a alta da inflação do País e os ajustes fiscais impostos pelo governo federal. Durante coletiva à imprensa, ela ressaltou que não poderia pedir aos coordenadores do ajuste fiscal um juro negativo;e ainda destacou que a presidente Dilma Rousseff não permitiu que os juros superassem os 8,75% para custeio e comercialização do setor agropecuário.
“Mesmo com os ajustes nas taxas, as linhas reguladas ainda compensam se comparadas com os recursos livres”, destaca o diretor da SNA.
De acordo com Pimentel, “considerando que a maioria dos insumos tem alguma correlação com a alta do dólar e sua correção de preços para a próxima safra verão já acima da inflação, a alta dos juros vai impactar fortemente em um ano difícil para a maioria das commodities”. “Sem dúvida este custo chegará à mesa do consumidor. É mais uma frente que o contribuinte pagará a conta.”
Segundo previsão do Plano Safra 2015/16, para o financiamento de custeio a juros controlados devem ser destinados R$ 94,5 bilhões, um aporte 7,5% maior em relação ao período anterior.
“Levando em conta que o custo de produção vai subir mais que esse percentual, em termos relativos vai cobrir menos despesas que na safra passada”, comenta Pimentel.
Também para os investimentos a juros controlados serão destinados R$ 33,3 bilhões na safra 2015/16, o que significa uma queda de 24% frente aos R$ 43,7 bilhões previstos no plano 2014/15.
“Na maioria dos casos, os produtores das grandes culturas já estão desmotivados a investir em função da redução das margens no campo. Além da redução do orçamento, também a elevação dos juros no investimento é um desestímulo. É possível que sobre recurso no final do ano, por falta de demanda por parte dos produtores”, salienta o diretor da SNA, criticando que o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), por exemplo, “é interessante, mas não foi priorizado no PAP 201/16”.
TAXAS
As taxas livres mercado passaram de R$ 23 bilhões para R$ 53 bilhões no plano anunciado no dia 2 de junho. “As taxas livres cresceram. Para os produtores de maior porte, que necessitam de mais complemento no custeio, a conta vai ficar ruim, pois as taxas a mercado subiram muito. No caso dos produtores de culturas de exportação, sobretudo no Cerrado, existe ainda a opção de financiar em USD em bancos especializados.”
Para organizar melhor o processo, o Conselho Monetário Nacional (CMN) determinou um direcionamento obrigatório para operações de crédito rural dos recursos captados pelas instituições financeiras, por intermédio de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). É uma forma de assegurar a aplicação de recursos nos financiamentos do Plano Safra 2015/16.
“É um bom incentivo para as LCAs que são, até o momento, isentas de IR. São bons instrumentos para os investidores”, comenta Pimentel, salientando que os juros de LCA giram em torno de 12,5% e o recurso subvencionado subiu em R$ 6,5 bilhões, conforme anunciou a ministra Kátia Abreu, no dia 2 de junho.
Isto significa que os recursos extras devem vir de linhas em que o governo não tem condições de fornecer os subsídios vistos como essenciais para os produtores rurais, para viabilizar a produção de alimentos e energia elétrica no campo.
Para a chamada agricultura empresarial, as taxas de juros foram fixados em 8,5% ao ano e para os demais programas de investimentos, com faturamento até R$ 90 milhões, o índice deve variar de 7% a 8,75% ao ano. No Plano Safra 2014/15, a taxa média foi de R$ 6,5%, com queda de até 5,5% em certos casos.
Fonte: SNA - Sociedade Nacional de Agricultura
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