Publicado em: 09/10/2025 às 17:00hs
O cenário de escassez de crédito no sistema financeiro, aliado à lentidão na liberação dos recursos do Plano Safra, tem levado produtores do Sul de Minas Gerais a postergar a aquisição de insumos essenciais.
Segundo a Agrobom, empresa especializada em armazenagem e comercialização de grãos, a dificuldade de financiamento está criando uma espécie de "bolha logística", que pode comprometer o calendário da próxima safra.
De acordo com Marco Castelli, diretor comercial da Agrobom, entre 20% e 30% dos agricultores da região estão adiando a compra de sementes, fertilizantes e defensivos. Muitos devem plantar apenas com a semente, reduzindo a aplicação de fertilizantes e defensivos em comparação ao planejado.
“Por conta da dificuldade de crédito, o produtor está atrasando as compras e, em alguns casos, pode nem utilizar a tecnologia necessária. Ele vai plantar só com a semente e aplicar menos insumo do que o ideal”, explica Castelli.
A alta taxa de juros levou revendas e distribuidores a reduzir a formação de estoques, adotando o modelo just-in-time, em que os produtos são encomendados à fábrica somente após a venda. Esse processo pode levar cerca de 60 dias, aumentando o risco de atrasos.
O atraso nas compras pelos produtores, somado à escassez de produtos na cadeia, cria um potencial gargalo logístico. Conforme alerta Castelli:
“Quando todos tentarem comprar ao mesmo tempo, os insumos podem não estar disponíveis, atrasando o plantio e toda a programação da safra.”
A crise de crédito não afeta todos os produtores da mesma forma. Agricultores mais capitalizados, como alguns produtores de café, continuam adquirindo insumos pontualmente. Contudo, os produtores com dificuldades financeiras enfrentam o maior risco de atraso, impactando a logística de distribuição e o calendário de plantio.
“Os produtores que não conseguem fechar as contas ou acessar crédito estão atrasando a compra de insumos. Isso vai gerar um acúmulo no futuro e atrasar a chegada de produtos para a implantação da safra”, conclui Castelli.
Fonte: Portal do Agronegócio
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