Publicado em: 31/10/2024 às 10:45hs
O agronegócio brasileiro demonstrou crescimento em comercialização e aumento de sua importância para a arrecadação tributária nacional em 2023, mas a elevação de custos de transporte e outras despesas contribuiu para uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) do setor. Essa é a principal conclusão do levantamento "Agronegócio em Números", realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) e sua spin-off Empresômetro, que avaliou fatores econômicos, financeiros e climáticos que impactam o agro no Brasil.
Conforme o estudo, o PIB do agronegócio alcançou R$ 2,58 trilhões em 2023, valor nominalmente superior ao registrado em 2022, mas com queda na representatividade, de 26,02% para 23,8% do PIB total. Embora a movimentação e comercialização de produtos tenha expandido 2,2% de um ano para outro, a alta de 16,16% nos custos de transporte impactou o desempenho final do setor.
Entre 2022 e 2023, o número de produtores rurais cresceu significativamente, com uma elevação de 2,3% entre os produtores individuais, que passaram a somar 3,91 milhões. As empresas rurais registraram aumento de 10,17%, alcançando 3,35 milhões de pessoas jurídicas, com destaque para o crescimento entre Microempreendedores Individuais (MEIs), que subiu 13,8%. Na arrecadação tributária, o agronegócio contribuiu com R$ 897,46 bilhões em 2023, representando 24,73% do total, acima dos R$ 790,51 bilhões do ano anterior.
“Os dados refletem o papel fundamental do setor para a economia e a formalização crescente de pequenos negócios, o que mostra uma busca por segurança jurídica e acesso ao crédito”, afirma Carlos Pinto, diretor do IBPT.
O estudo mapeou a distribuição geográfica do agronegócio no Brasil, com São Paulo concentrando o maior número de empresas, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Em termos de segmentos, o comércio varejista de bebidas lidera em número de empresas (280.416), seguido pelo comércio de alimentos, criação de bovinos e cultivo de cana-de-açúcar. Entre os produtos mais movimentados destacam-se a soja, insumos agrícolas, máquinas e carnes.
Carlos Pinto observa que a situação do agronegócio é complexa, com um cenário diverso entre os segmentos e regiões. Segundo ele, o setor enfrenta um momento de ajustes, com produtores adaptando-se a novos desafios financeiros e climáticos. “A euforia dos últimos anos, associada a altos preços de commodities e crédito acessível, resultou em endividamento significativo. A queda dos preços, somada ao aumento dos custos, cria uma situação financeira delicada, mas o setor tem capacidade de adaptação”, pondera.
Gilberto do Amaral, presidente do IBPT, reforça que, enquanto 2023 trouxe desafios, 2024 e 2025 deverão ser períodos de adequação e organização para o setor. “Esperamos um crescimento em algumas áreas, como proteína animal, mas segmentos como soja e milho ainda poderão sentir retração. Esse é um processo de arranjo necessário para um novo ciclo de crescimento sustentável nos próximos anos.”
Fonte: Portal do Agronegócio
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