Gestão

COOPERATIVISMO: Fonte de riqueza para o Brasil e o Paraná

Não faltam números para comprovar a importância do cooperativismo para o Brasil e particularmente ao Paraná


Publicado em: 30/07/2019 às 15:40hs

COOPERATIVISMO: Fonte de riqueza para o Brasil e o Paraná

Segundo a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), são 6.828 unidades espalhadas pelo território nacional. Elas reúnem 14,6 milhões de cooperados e empregam nada menos que 425 mil pessoas.

Empregos - O Paraná é o Estado brasileiro onde as cooperativas mais empregam: são 101.228 postos de trabalho, quase um quarto do total. Todas as 220 cooperativas paranaenses faturaram em 2018 cerca de R$ 83,7 bilhões, o que representa praticamente 18% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. Os números são da Ocepar, a Organização das Cooperativas do Paraná.

Entrevistas - A reportagem entrevistou os superintendentes das duas entidades para tratar da importância dessas empresas para a economia, bem como saber um pouco mais sobre os vários ramos que formam o cooperativismo e as metas do futuro. Veja os principais trechos das entrevistas:

Força - De acordo com o superintendente da OCB, Renato Nobile, as cooperativas recolheram aos cofres públicos R$ 7 bilhões em impostos apenas em 2018 em todas as esferas de governo. “Também fizemos a economia girar no ano passado, ao injetarmos mais de R$ 9 bilhões, apenas com o pagamento de salários outros benefícios destinados a colaboradores do sistema”, ressalta.

Rankings - Ele alega que as cooperativas estão nos principais rankings das empresas melhores para se trabalhar. E que um dos indicadores avaliados nessas listas é salário. “Vale destacar que somos uma grande referência no indicador ‘geração de emprego’. Geramos, entre 2014 e 2018, cerca de 18% a mais de postos de trabalho, bem mais do que os outros setores econômicos.”

Empregabilidade - Citando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Nobile diz que a empregabilidade brasileira cresceu apenas 5% no período. “Estamos na contramão do desemprego. Tanto que o número de cooperados também cresceu. E o percentual é de encher os olhos: 15%”, declara.

Salários e benefícios - O superintendente conta que somente em salário e benefícios, as cooperativas injetaram mais de R$ 9 bilhões na economia, no ano passado.

PIB - O superintendente da Fecoopar, Nelson Costa, destaca que as cooperativas paranaenses são responsáveis por 60% do PIB agropecuário do Estado e 18% do PIB geral. “Contribuem com R$ 2,5 bilhões de impostos, exportam mais de US$ 2 bilhões por ano, investem cerca de R$ 2 bilhões anualmente na construção de novas fábricas e na modernização da produção.”

Saúde - E ainda ajudam a desafogar o serviço público. “Na área da saúde, as cooperativas têm cerca de 1,5 milhão de vidas em seus planos. São pessoas que deixaram de demandar serviços de saúde pública”, alega.

Crédito - Na área de crédito, prossegue Costa, as cooperativas estão em praticamente todos os municípios do Paraná. Em 130 deles, são a única instituição financeira. “Em muitas cidades, como por exemplo, Cafelândia, Ubiratã, Medianeira, Palotina, Marechal Cândido Rondon, Matelândia, dentre outras, a cooperativa é a maior geradora de emprego e renda para a população local.”

Diferenças - O superintendente da OCB enfatiza que uma cooperativa é uma empresa “com um diferencial humano”. “Ela nasce da vontade de pessoas motivadas por algum objetivo comum. E é exatamente este o ponto que torna uma cooperativa mais imune às intempéries econômicas ou, ainda, menos suscetíveis às crises.”

Pessoas - Segundo Nobile, mesmo diante das exigências dos mercados, das urgências dos contratos, do montante a ser gerado, as cooperativas sabem que o “bem-estar das pessoas que as compõem é o mais importante”.

Governança - Nelson Costa diz que o sistema tem cada vez mais aperfeiçoado sua governança com capacitações de seus quadros diretivos para pode gerir o negócio de forma eficiente. E busca envolver todos os associados em suas decisões. “É um sistema participativo, democrático, onde uma pessoa representa um voto”, explica o superintendente da Fecoopar.

Intercooperação - Um outro diferencial é a intercooperação, pelo qual as cooperativas unem esforços em torno de um projeto comum. “Por exemplo, a Unium, na Região dos Campos Gerais, se integrou às cooperativas Frísia, de Carambeí, Castrolanda, de Castro, e Capal, de Arapoti. Sozinha não teria condições de investir num determinado negócio”, conta. Juntas, tocaram um projeto nas áreas de leite, carnes e trigo.

Ramos - Embora existam mais de 10 ramos no cooperativismo brasileiro, as cooperativas, o faturamento e os empregos se concentram em alguns poucos como crédito, saúde e principalmente agronegócio. “O número de cooperativas do agropecuário corresponde a 24% do total de cooperativas do País. Além dos ramos saúde e crédito, temos também o transporte, cujas cooperativas têm feito um excelente dever de casa e, assim, obtendo números muito relevantes para a economia, movimentando cerca de R$ 6 bilhões por ano”, conta Nobile.

Origem - Ele ressalta que as cooperativas nascem das necessidades e que vem surgindo mais interesse pelas áreas como educação, infraestrutura (energia, saneamento básico e internet) e até seguros. “É claro que a OCB quer ver o Brasil com mais cooperativas, cada vez mais. Entretanto, é importante dizer que melhor do que o maior número de cooperativas é o número de cooperativas fortes e conscientes de seu papel transformador, social e economicamente falando.”

Razões históricas - Nelson Costa, da Fecoopar, vê razões históricas para uma concentração grande do cooperativismo no agronegócio. “As cooperativas têm ligação histórica com as imigrações, pessoas que trouxeram a prática do cooperativismo de seus países de origem, principalmente da Europa e Japão.” O cooperativismo surgiu e se desenvolveu inicialmente nas colônias formadas por imigrantes, alemães, holandeses, italianos, poloneses, japoneses.

Poder público - “As ações do Poder Público nessas colônias eram praticamente inexistentes, e aí surgiram as cooperativas para suprir as necessidades das pessoas.”

Outros ramos - O número de cooperativas é pequeno em outros ramos por causa da legislação, que dificulta seu desenvolvimento. “As autoridades têm um entendimento de que a cooperativa suprime direitos das pessoas. Não há entendimento de que a pessoa é a dona de seu negócio, porque a legislação a ser cumprida não é a trabalhista e sim a cooperativista”, explica.

Interesse - Mesmo assim, há algumas áreas que começam a despertar maior interesse por cooperativas e uma delas é a de transporte. “Os caminhoneiros autônomos, sufocados pelo sistema de transporte existente no País, passaram a criar cooperativas de transporte para atender suas necessidades de busca de cargas e suprimento de peças, pneus, etc.”

Fonte de riqueza para o Brasil e o Paraná - Renato Nobile diz que as cooperativas brasileiras são modelo e referência para muitos países, inclusive a Alemanha, além de outros que buscam estruturar o segmento econômico nos moldes brasileiros, como alguns países africanos.

Espaço - De acordo com o superintendente, a OCB não traça metas para o futuro, mas sabe que há muito espaço para crescer porque as demandas da sociedade por negócios comprometidos com as pessoas e com a preservação dos recursos naturais é cada vez maior.

Brasil Mais Cooperativo - E o cooperativismo vem influenciando inclusive ações do Estado. Um exemplo, segundo ele, é o plano Brasil Mais Cooperativo, lançado pelo Ministério da Agricultura. “Tanto o nome quanto as premissas têm origem no cooperativismo. Por meio desse plano, o Mapa quer organizar o produtor rural das regiões mais carentes do País em cooperativas.”

Agenda BC- Outro exemplo é a Agenda BC#, lançada pelo Banco Central que prevê o aumento da participação das cooperativas de crédito no Sistema Financeiro Nacional de 8% para 20%, ampliando a oferta de serviços financeiros por cooperativas nas regiões Norte e Nordeste.

PRC 100 - Já o superintendente da Fecoopar diz que, no Paraná, há o Plano Estratégico do Cooperativismo (PRC 100) que contém 16 diretrizes estratégicas com vistas ao atingimento de metas nas diversas áreas de atuação. “Uma delas é que toda cooperativa tenha seu plano estratégico quinquenal, com atualizações anuais.”

Metas - O PRC 100 foi lançado em 2015 e tem como uma de suas metas levar a R$ 100 bilhões o faturamento das cooperativas filiadas ao Sistema Ocepar. “Para atingir essa meta, foram criados grupos de trabalho formados pelas lideranças e executivos das cooperativas que debateram área por área, nos diversos ramos de cooperativas, ou seja, o PRC 100 foi formatado ouvindo as bases e debatendo as ações para se atingir a meta delineada.”

Fonte: Folha de Londrina

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