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COCAMAR: Grupo visita propriedades e americanos avaliam possibilidade de perdas

Na última segunda-feira, o mercado internacional de grãos entrou em polvorosa com a expectativa, cada vez mais evidente, de que a safra norte-americana será impactada pelo clima de uma maneira acima do previsto pelo mercado


Publicado em: 28/08/2013 às 10:00hs

COCAMAR: Grupo visita propriedades e americanos avaliam possibilidade de perdas

No último final de semana, o Crop Tour Pro Farmer divulgou projeções abaixo das estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), anunciadas no mês passado. Segundo o Crop Tour, a safra de milho é esperada em 341,9 milhões de toneladas e a de soja em 85,95 milhões. Pelo Usda seriam, respectivamente, de 349,73 milhões e 88,59 milhões de toneladas.

Soja - Como efeito, a cotação da soja, que já vinha sustentada desde o mês passado em razão dos cortes anunciados pelo Usda, disparou. No mesmo dia, o preço saiu de R$ 63 para R$ 66 a saca de 60 quilos. E nesta segunda-feira, chegou a R$ (R$ 80,60 por saca) no contrato de setembro.

Situação crítica - De fato, a situação das lavouras de milho e soja pode ser considerada crítica na região de Chicago, Meio-Oeste dos Estados Unidos, parte importante da principal área produtora de grãos do país. "Definitivamente, não é um ano bom", resume o produtor Jeff Fischer, cuja família cultiva 600 hectares em Champaign, a 222km da capital do estado de Illinois. Fischer, que faz rotação em sua propriedade, com metade de soja e metade de milho, conta que a maior parte das lavouras teve que ser plantada fora do prazo recomendado, bem depois de 15 de maio, a data limite, por causa do excesso de chuvas. "Ficamos totalmente fora de época, o que é muito perigoso", acrescenta. Na última segunda-feira, vestindo a camisa do Barcelona e dizendo ser fã do futebol brasileiro, ele recebeu em sua propriedade um grupo formado por produtores e técnicos ligados à Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá.

Calor - Além da falta de chuvas - comum nesta época - estar prejudicando as plantações, já se admitindo a possibilidade de uma quebra mais severa que o estimado pelo mercado, o calor é intenso, ao redor de 30 graus, o que potencializa o risco de perdas. Mas os agricultores estão ficando ainda mais preocupados porque existe a possibilidade de, já em setembro, o tempo sofrer uma reviravolta e o frio trazer as primeiras geadas - que podem ampliar os danos. A colheita está prevista para outubro.

Definição da safra - Fischer cita que não chove há seis semanas e lembra que o atual momento é de definição da safra. Segundo ele, a fase é de "enchimento de grãos" e, sem um bom volume de água, o estrago pode ser considerável, a exemplo do que aconteceu no ano passado, quando a quebra foi uma das maiores da história. Ele comenta que, devido a exiguidade de tempo, foi obrigado a acelerar o plantio, completando-o em apenas seis dias quando, em épocas normais, gastaria 20. "Agora, a seca prejudica ainda mais."

Última chuva - O produtor cita que a última chuva razoável aconteceu no dia 19 de julho, totalizando 56 milímetros. Pelos seus cálculos, a perda até agora deve ficar entre 10 d 20 por cento na média das duas culturas, mas pode pode ir aumentando a cada dia, daqui para a frente.

Estimativa - Integrando a comitiva paranaense, o engenheiro agrônomo Sérgio José Alves, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), estima que, à primeira vista, o prejuízo dos produtores do Meio-Oeste norte-americano, em relação ao milho, pode ser de 20 a 25 por cento até agora. "A lavoura está desuniforme e requeimado muito", explica. Quanto à soja, o dano é calculado em 10 a 15 por cento. "Como ela está em fase de enchimento de grão, pode piorar bastante se o tempo continuar assim", aponta.

Cenário preocupante - Para o agrônomo Antônio Luiz Fancelli, especialista em produtividade de grãos, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), também no grupo, o milho já quebrou em pelo menos 15 por cento e a soja em 10 por cento. E avisa: "Não tem previsão de chuva pelos próximos dez dias. O cenário é muito preocupante".

Solo - O superintendente de operações da Cocamar, Arquimedes Alexandrino, notou o solo das lavouras com rachaduras, detalhe típico de seca prolongada, mas disse que as perdas ainda podem ser amenizadas se chover bem, "mas não pode demorar".

Lavoura está segurada - Se a perda da safra se confirmar, Jeff Fischer está preparado. Toda a produção é segurada e ele vai receber o equivalente a 85 por cento da média de produtividade dos últimos cinco anos. Nos Estados Unidos, os produtores não deixam de fazer seguro.  Mas Fischer diz estar animado com híbridos de milho tolerantes à seca que passou a utilizar no ano passado. "Apesar de ter sido uma safra muito castigada pelo clima seco, a produtividade desses materiais foi boa", diz, explicando que enquanto um híbrido não tolerante produziu cinco sacas, por exemplo, o outro rendeu 50, dez vezes mais.

Sem funcionários - A propriedade não tem funcionários e Fischer cita que conta com a ajuda do pai, dono da área há 42 anos, para executar os serviços. A família é também produtora de sementes de milho. O produtor salienta que, habitualmente, vende 50 por cento de sua produção antecipadamente, mas este não vendeu nada, por enquanto, porque as cotações vinham abaixo das do ano passado.

Fonte: Imprensa Cocamar

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