Publicado em: 06/07/2015 às 13:40hs
Realizada na Fazenda Paineira em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto Emater, a iniciativa apresentou resultados práticos da implantação do sistema na propriedade, que pertence ao empresário Abílio Fernandes e está localizada no quilômetro seis da Estrada São Tomé.
Contraste - Os visitantes que não conheciam a integração foram surpreendidos ao observar pastagens bem formadas de capim braquiária ruziziensis, com o gado tendo alimento de sobra – cena que contrasta com a maioria das propriedades da região, onde os pastos, por causa do frio, não se desenvolvem nesta época do ano.
Desenvolver - A programação começou às 13:30h com um pronunciamento do coordenador regional da Emater, Belmiro Ruiz Marques, que destacou a atuação integrada dos diversos setores envolvidos na divulgação da ILPF, “que é muito importante para o desenvolvimento da região noroeste”.
Oportunidade - Em seguida, o presidente do Conselho de Administração da Cocamar, Luiz Lourenço, explicou que 70% das pastagens em todo o noroeste paranaense, onde predomina o solo arenito caiuá, estão degradadas, apresentando baixa produtividade. “A pecuária atravessa um bom momento, com preços remuneradores, e os pecuaristas deveriam atentar mais para a oportunidade que a integração pode representar para eles”, frisou. Lourenço citou como exemplo dois produtores da região de Umuarama, Albertino Afonso Branco e Gérson Bortoli, que se destacam por seus resultados com a ILPF. O primeiro foi o ganhador do concurso de produtividade de soja (safra 2014/15) promovido pela Cocamar, representando a região do arenito, enquanto o segundo ficou em terceiro lugar na classificação geral, concorrendo com produtores de regiões tradicionais. O presidente destacou também que a cooperativa está investindo na construção de uma estrutura de recebimento de grãos em Umuarama, com capacidade para 24 mil toneladas. “Tudo isso é consequência, em grande parte, do sucesso da integração, modelo que tende a expandir-se nos próximos anos”, completou.
Mercado - Na sequência, o operador da mesa de commodities do Banco Espírito Santo, Leandro Bovo, fez palestra destacando que “nos últimos dias o mercado virou de ponta cabeça, com os preços dos grãos se fortalecendo em decorrência de problemas climáticos em regiões produtoras ao redor do mundo, enquanto a cotação da arroba bovina caiu”. Segundo ele, no curto espaço de uma semana, o preço diminuiu em R$ 10, explicando que o primeiro semestre as boas perspectivas para o setor se mantiveram, mas a reposição de animais continuou onerosa. “A relação arroba do boi x milho diminuiu de seis para cinco sacas”, salientou, lembrando que o mercado da carne bovina enfrenta dificuldades, com a indústria frigorífica em situação delicada, o consumo interno retraído e importantes países compradores, como Rússia, Venezuela e outros, passando por problemas econômicos. Além disso, há o aumento da concorrência das carnes de frango e suína, que são mais baratas. “Não vemos como reverter a situação no curto prazo, o bezerro era um subproduto da pecuária e a atividade cresceu com a disponibilidade de bezerros baratos, mas isto não acontece mais”, disse. De acordo com Bovo, o pecuarista da região precisa ser competitivo porque ele está inserido em um segmento onde há muita gente produtiva. “Nesse momento, a gestão de risco é fundamental”, orientou, frisando que a pecuária tem que avançar para um modelo empresarial, pois as margens devem continuar estreitas e o setor vai permanecer exposto a um cenário de grande volatilidade.
Qualidade - Os participantes foram divididos em três grupos, para visitas a estações. Na primeira, que analisou a pecuária de alto rendimento, o zootecnista da Emater, João Batista Barbi, e o médico-veterinário Tiago Coelho Gimenes, da Cocamar/Umuarama, lembraram que o pecuarista deve ter em mente que produz carne para o mundo e, por isso, as exigências em relação à qualidade são maiores. “O consumidor exige maciez, suculência, sabor e é preciso abater animais jovens”, afirmou Barbi, salientando que a rastreabilidade, hoje em dia, é palavra de ordem. “A qualidade da carne também vai depender da genética”, pontuou Gimenes, lembrando que isto só será possível se houver comida de qualidade.
Planejar - A segunda estação deu foco ao tema custos de produção comparando a diversos sistemas, apresentado pelo agrônomo Washington Ono, da Cocamar/Umuarama, e o especialista Ronaldo Bôscolo, da Terra Agropecuária. Segundo ele, as fazendas estão reduzindo a mão de obra e a tendência é investirem em sistemas mais modernos. “Para avançar, se torna necessário ter um planejamento financeiro, com previsão de vendas e abates, o desembolso e o fluxo de caixa; ser produtivo, planejando as forrageiras, por exemplo; e recursos humanos que tenham qualidade de vida”, destacou Ono. “É importante começar devagar”, orientou Bôscolo, ressaltando que a ILPF é um programa sustentável, “em que a lavoura reforma o pasto e depois isto vai acontecer novamente”.
Mudanças - A realidade aplicada à região de Umuarama foi analisada pelo pesquisador do Iapar, Sérgio José Alves, na terceira estação. Ele comentou que pode haver arenitos diferentes dentro da mesma propriedade, exigindo um manejo adequado para cada qual, e que a tecnologia está evoluindo: “Vamos ter, em breve, materiais resistentes à seca e estamos trabalhando também em projetos de irrigação”, disse. Alves acrescentou que a partir de análises física e química se pode fazer o direcionamento dos plantios, citando que a Fazenda Paineira, antes da ILPF, exibia uma modesta média de ocupação de 0,91 UA (unidade animal) por hectare; com o programa, passou de 430 para mais de 700 animais vendidos, sem contar que no verão, um terço das terras são destinadas à produção de soja e, nos pastos, renques de eucaliptos asseguram conforto térmico e uma renda adicional com a produção de madeira. “No futuro, poderá chegar a 900 ou até mil animais”, disse. Antes, o rebanho era abatido com mais de 36 meses de idade e, hoje, isto acontece ao redor de 24 meses, com as cabeças adquirindo na média mais de 800 gramas de peso vivo em pleno inverno, dada a abundância de alimento. “Temos aqui quase que um confinamento a céu aberto, lembrando que, no passado, os pastos eram totalmente degradados. “Aqui são produzidos de oito a dez arrobas de carne por hectare só no inverno”, acrescentou, finalizando: “É muito diferente fazer algo assim, comparando com uma pecuária tradicional”.
Fonte: Imprensa Cocamar
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