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COAMO: Receita deve chegar a R$ 15 bi em 2018, com alta da soja e frota própria

Uma conjunção de fatores positivos pode elevar o faturamento da Coamo, maior cooperativa agrícola do Brasil, em cerca de 35 por cento em 2018, para até 15 bilhões de reais, disse à Reuters seu presidente, um ícone do agronegócio do Brasil


Publicado em: 30/07/2018 às 18:00hs

COAMO: Receita deve chegar a R$ 15 bi em 2018, com alta da soja e frota própria

Ampliação dos ganhos - José Aroldo Gallassini, um dos fundadores da cooperativa com sede em Campo Mourão (PR) nos anos 70, disse que a Coamo ampliará seus ganhos neste ano contando com melhores preços da soja no Brasil, que está sendo beneficiado pela disputa entre EUA e China.

Frutos - Além disso, a cooperativa que atua no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul colhe agora os frutos de uma retenção de vendas da produção de grãos do ano passado --em 2018, a safra está sendo comercializada a melhores valores que em 2017, com a ajuda também do câmbio favorável.

Ilesa - Não bastasse a conjuntura de mercado positiva, a Coamo praticamente passou ilesa à confusão gerada pela implementação pelo governo brasileiro de uma tabela de frete rodoviário, uma vez que possui uma grande frota própria, evitando custos adicionais com o transporte que estão ameaçando multinacionais do agronegócio como a Cargill.

Comercialização - "O cooperado não vendeu a produção total do ano passado, deixou um pouco para este ano. Assim, devemos ter faturamento bem maior em 2018. Vai para 14 a 15 bilhões... agora está vendendo bem, e está vendendo volume", afirmou Gallassini, em entrevista por telefone.

Crescimento - O crescimento na receita da Coamo, que fechou 2017 com 11,07 bilhões de reais, queda de 3,3 por cento ante 2016, ocorrerá apesar de uma redução de 30 a 35 por cento na safra de milho afetada pela seca, que deverá levar a cooperativa a reduzir seu recebimento total de grãos para um patamar inferior às históricas 7,66 milhões de toneladas de 2017.

China - "Agora tem esse aspecto da China, a briga com o americano favoreceu os preços. Será um ano bom apesar do tumulto", disse ele, referindo-se às condições do mercado de soja em Chicago, que atingiu mínimas de cerca de dez anos neste mês, diante de tarifas de 25 por cento impostas pela China à soja dos EUA a partir de julho.

Prêmios - A situação vem sendo compensada por prêmios maiores pela soja do Brasil, que deverá elevar o plantio da oleaginosa a partir de setembro, de olho em um maior mercado chinês com as restrições aos norte-americanos pelo principal comprador global.

Maior parte - Do total que a cooperativa recebe, a soja representa a maior parte, ou quase cerca de 5 milhões de toneladas. E o produto está sendo negociado pela Coamo a valores muito maiores do que no ano passado. "A soja chegou a até 80 reais (a saca), conforme a região... Ano passado teve uma parte vendida a 60, outra a 70 reais", comentou ele, ressaltando que as cotações do milho também estão muito mais altas do que em 2017, pela quebra da segunda safra em função da seca, que tem ameaçado agora o trigo.

Custo - "Em relação ao custo de produção, esse valor está muito bom, o cooperado está vendendo... Orientamos para vender, para fazer a média da sua produção. Se jogar, pode ganhar muito, mas também pode perder muito...", ponderou ele, ressaltando que o produtor precisa se precaver, até porque de uma hora para outra os norte-americanos podem se acertar com os chineses.

Investimento - Com boa rentabilidade, a expectativa é de que os produtores da região da Coamo no Paraná e Santa Catarina invistam na próxima safra de soja, mas não em aumento de plantio, até porque essas áreas já têm limites de uma agricultura consolidada e o milho é deixado para a chamada "safrinha".

MS - Em Mato Grosso do Sul, sim, haveria possibilidade de algum incremento de plantio.

Venda antecipada - "O cooperado já vendeu 15 por cento da safra (de soja) que ele vai plantar, por causa dos bons preços", disse Gallassini, comentando que situação de tamanha venda antecipada na Coamo é incomum para o plantio que começa em setembro.

Frete - A Coamo, assim como todo o Brasil, sofreu os impactos da paralisação dos caminhoneiros em maio, mas tem lidado bem com consequências do protesto. A cooperativa tem conseguido driblar os efeitos dos maiores custos gerados pela instituição de uma tabela de frete mínimo. Isso porque conta com grande frota própria.

Frota - "Temos 780 caminhões, compramos mais 151 caminhões... está para chegar, um pouco é aumento de frota e outro é para renovar a frota mesmo", revelou Gallassini, lembrando ainda que a cooperativa conta também com 400-450 veículos da chamada "frota dedicada", que são veículos contratados por todo o ano previamente.A cooperativa ainda usa a chamada "frota spot" ou eventual, em momentos de maior volume.

Mudança - "Tem que mudar essa tabela, não estão fluindo os fretes (do setor)... No caso da Coamo, não vamos ter esse problema... É uma pena que chegou neste impasse", disse o presidente da Coamo, que espera uma solução da parte do governo ou da Justiça. A compra dos 151 caminhões pela Coamo foi planejada antes da paralisação dos caminhoneiros, notou o executivo, lembrando que a renovação e o crescimento da frota da cooperativa visam garantir a expansão dos negócios.

Fonte: Reuters

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