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Campo Futuro levanta custos de produção de cinco cadeias agropecuárias em quatro estados

Levantamentos da CNA abrangem silvicultura, avicultura, suinocultura, grãos e aquicultura em Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul


Publicado em: 27/05/2025 às 11:25hs

Campo Futuro levanta custos de produção de cinco cadeias agropecuárias em quatro estados

O projeto Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), promoveu nesta semana uma série de painéis para identificar os custos de produção em cinco importantes cadeias do setor agropecuário: silvicultura, avicultura, suinocultura, grãos e aquicultura. As atividades ocorreram nos estados de Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Silvicultura: resultados positivos e mudanças no ciclo de corte

Em Santa Cecília (SC), o painel realizado na terça-feira (20) mostrou que a área da propriedade modal de produção de pinus passou de 50 para 100 hectares. Apesar da leve redução nas margens de lucro em relação a 2023, os resultados confirmam a sustentabilidade e a atratividade da atividade, segundo a assessora técnica da CNA, Eduarda Lee.

Em Barro Alto (GO), na quinta-feira (22), foi realizado o primeiro levantamento da produção de borracha natural. A propriedade modal tem 50 hectares, com produtividade média anual de 2.915 kg/ha e ciclo produtivo de 42 anos.

Já na sexta-feira (23), em Cristalina (GO), foram levantados os custos da produção de eucalipto. A área modal continua com 50 hectares e IMA (Incremento Médio Anual) de 40 m³/ha/ano. Houve uma redução no ciclo de produção de 7 para 5 anos, devido à escassez de madeira, o que antecipou a colheita. A madeira é utilizada como biomassa energética, e os resultados foram mais favoráveis do que no último painel. Os custos administrativos foram apontados como os mais onerosos.

Suinocultura e Avicultura: ração continua como maior custo

Entre os dias 19 e 21 de maio, no estado do Mato Grosso, foram avaliados os custos da avicultura de postura e da suinocultura.

Em Sorriso, o custo operacional efetivo (COE) na suinocultura independente ficou em R$ 560,51 por suíno terminado, com a ração representando 77,1% dos custos.

Em Tapurah, na Unidade Produtora de Leitões (UPL), o COE foi de R$ 44,67 por leitão, enquanto na Unidade de Terminação (UT) o custo foi de R$ 32,34 por animal terminado. Os maiores gastos vieram de energia elétrica, manutenção e mão de obra.

Na avicultura de postura, em Campo Verde, o COE foi estimado em R$ 138,71 por caixa com 30 dúzias de ovos, sendo a ração responsável por 47,9% dos custos.

Grãos: clima impacta produtividade e margens no Rio Grande do Sul

Os painéis realizados entre 19 e 23 de maio no Rio Grande do Sul evidenciaram os impactos do clima — especialmente a estiagem — sobre a produtividade das culturas de soja, milho, trigo e arroz.

Segunda-feira (19):

Em Carazinho, a produtividade da soja caiu de 67 para 42 sacas por hectare na safra atual.

O milho verão teve aumento de produtividade (de 75 para 180 sacas/ha), apesar do aumento nos custos com fertilizantes e sementes.

O trigo também teve crescimento de produtividade (de 35 para 52 sacas/ha), mas com perda de qualidade devido a doenças no final do ciclo.

Em Cruz Alta, a produtividade da soja sequeiro foi de 35 sacas/ha, impactada por estiagem e granizo. A soja irrigada rendeu 50 sacas/ha, o milho sequeiro teve 120 sacas/ha e o irrigado, 220 sacas/ha. O trigo apresentou média de 45 sacas/ha, com qualidade abaixo do esperado.

Terça-feira (20):

Em Tupanciretã, a soja teve média de 27 sacas/ha, com ampla variação (entre 10 e 50 sacas) entre microrregiões.

O trigo alcançou 50 sacas/ha, superando as 37,7 sacas da safra anterior, embora também tenha sofrido com problemas de qualidade.

Fertilizantes e sementes puxaram o aumento de custos, com elevação de 5,5% e 5,4%, respectivamente.

Quarta-feira (21):

Em Uruguaiana, o foco foi no arroz irrigado, que teve produtividade média de 190 sacas/ha, 6% maior que a safra anterior.

O custo operacional subiu cerca de 5%, com destaque para fertilizantes.

O preço médio do arroz caiu 28,3%, de R$ 100,30 para R$ 72,00 por saca, o que pressionou as margens da atividade.

Quinta-feira (22):

Em Bagé, a soja irrigada rendeu 65 sacas/ha, mais que o dobro do ciclo anterior.

A soja sequeiro teve média de 42,5 sacas/ha, frente às 30 sacas da safra passada.

O COE da soja irrigada subiu 25,1%, com destaque para herbicidas, que aumentaram 18,7%.

O preço da soja caiu de R$ 131,40 para R$ 124,08 por saca (-5,6%).

Sexta-feira (23):

Em Camaquã, o arroz irrigado teve média de 180 sacas/ha, 10% acima da safra passada. O preço caiu de R$ 113,54 para R$ 76,00, uma queda de 33%.

A soja teve média de 40 sacas/ha, contra 27 sacas na safra 2023/24, com produtividades variando entre 20 e 80 sacas, conforme a microrregião.

Aquicultura: margens apertadas e perdas por mortalidade

Em Santa Catarina, também foram realizados painéis sobre a aquicultura, com foco em tilápia e carcinicultura.

Na quarta-feira (21), em Rio Fortuna, foi feito o levantamento dos custos de produção da tilápia, com despesca de 108 toneladas por ciclo. Os produtores tiveram margens apertadas, já que 94% da receita foi comprometida com os custos.

Na quinta-feira (22), em Laguna, os dados da carcinicultura revelaram uma produção em viveiros com 12 hectares de lâmina d’água. O ciclo produtivo é de 120 dias, com despesca de camarões com cerca de 12g.

A taxa de mortalidade chega a 50% entre os dois ciclos anuais, o que compromete significativamente os resultados econômicos da atividade.

O levantamento do projeto Campo Futuro mostra que os produtores brasileiros continuam enfrentando desafios relacionados a clima, preços de insumos e queda nas cotações dos produtos, o que tem pressionado as margens de diversas atividades agropecuárias, mesmo com ganhos pontuais de produtividade em algumas culturas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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