Publicado em: 27/10/2025 às 13:00hs
O avanço da inadimplência no agronegócio acendeu o sinal de alerta em toda a cadeia produtiva, atingindo desde distribuidores e indústrias até grandes instituições financeiras. O Banco do Brasil, tradicional referência no crédito rural, já revisou projeções e reportou compressão de resultados diante do aumento dos atrasos e renegociações.
Esse cenário não surgiu de forma repentina. Ele é resultado de um ciclo prolongado de margens pressionadas desde a safra 2022/23, que veio após o auge dos preços das commodities agrícolas em 2021/22 — período em que muitos produtores expandiram áreas, modernizaram máquinas e investiram em infraestrutura.
Com a normalização dos preços dos grãos e apenas redução parcial dos custos de produção, o equilíbrio financeiro dos agricultores se deteriorou. Muitos passaram a operar abaixo do ponto de equilíbrio por hectare, especialmente nas safras 2022/23 e 2023/24.
Embora a safra 2024/25 tenha trazido leve alívio, a recuperação do caixa ainda é lenta e insuficiente para compensar as perdas acumuladas. A diferença de produtividade entre os produtores tornou-se um divisor: os mais tecnificados conseguiram preservar margens, enquanto os menos produtivos enfrentaram prejuízos, principalmente no milho safrinha e em parte da soja.
O estresse financeiro começou a aparecer primeiro na distribuição, onde o fluxo de caixa é determinante para financiar a próxima safra. Revendas alongaram prazos, rolaram dívidas e passaram a adotar critérios mais rigorosos na concessão de crédito comercial.
Na sequência, a indústria sentiu os impactos, enfrentando pedidos mais incertos, prazos estendidos e maior necessidade de capital de giro. Com o tempo, os bancos passaram a absorver parte das perdas, diante da alta nos índices de inadimplência rural.
O ambiente atual exige reorganização e prudência. Produtores que combinam tecnologia, gestão eficiente e estratégias de proteção financeira seguem com acesso a crédito e capacidade de investimento. Já as empresas com estrutura financeira mais madura — revendas e indústrias que conhecem melhor o risco da ponta — conseguiram limitar danos.
Quem não se preparou, no entanto, precisou reduzir planos de expansão, renegociar dívidas e até rever o modelo de operação.
Olhando para frente, a recuperação do setor deve ser gradual e desigual. O cenário projeta:
A L.E.K. Consulting, autora da análise, destaca que atua como parceira estratégica de empresas do agronegócio em momentos de decisão, apoiando na avaliação de riscos, estruturação de programas de excelência e planejamento de longo prazo, unindo expertise em agronegócio, finanças e estratégia corporativa.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias