Publicado em: 18/02/2014 às 14:30hs
O consumo interno de café no Brasil em 2013 registrou uma retração de - 1,23%, totalizando 20,08 milhões de sacas, contra 20,33 milhões de sacas em 2012.
O consumo per capita resultou em 4,87 kg café torrado/habitante.ano, (6,09 kg café verde/habitante.ano), em comparação com os 4,98 kg café torrado/habitante.ano em 2012.
Novas categorias de produtos concorrem na mesa do café da manhã
A ABIC atribui esta ligeira retração ao fato de que a mesa do café da manhã ganhou inúmeras novas opções de bebidas prontas para o consumo, como sucos, achocolatados, bebidas a base de soja, cuja penetração no mercado ainda é pequena comparada ao café, mas que tem apresentado um crescimento bastante elevado e concorrem com o cafe.
Enquanto a penetração do café no consumo doméstico permaneceu elevada (95%), mas estável, os outros produtos ou categorias novas cresceram acima de 20%, como foi o caso do suco pronto (25%) e as bebidas a base de soja (29%), segundo pesquisas complementares da Kantar Worldpanel. Essas categorias de maior valor agregado desafiam a indústria de café para a inovação e para a retomada de índices de crescimento maiores, o que pode ocorrer com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados.
Os preços do café nas prateleiras do varejo diminuíram ao longo de 2013, com o valor médio de R$ 14,82/kg em Janeiro/2013 e de R$ 12,55/kg em Dezembro/2013, com queda de 15%, para os cafés tipo Tradicionais, segundo pesquisas feitas no varejo paulistano. Esta queda, entretanto, não serviu para ampliar o consumo. O café em pó representou 87,4% das vendas em valor. Enquanto isto, os novos produtos como cápsulas, café com leite e cappuccinos, representaram cerca de 3,5% em valor, mas cresceram até 33%, em função de forte procura.
O café continua sendo um produto barato para os consumidores, considerando principalmente o seu custo por xícara após a preparação. Nas prateleiras, o aumento do produto variou de R$ 10,15/kg, nos cafés tipo Tradicionais, em Janeiro/2008, para R$ 12,65/kg em Janeiro/2014, um acréscimo de somente 24,6% em 6 anos. Ele refletiu a alta do grão no início de 2013, mas depois recuou.
O grande consumo ainda se concentra nas classes C e D que, segundo a AC Nielsen, vem procurando produtos com melhor qualidade, mesmo com preço superior, o que representa uma mudança de padrão de compra importante. Cafés Fortes têm aumentado a procura em detrimento dos Extra Fortes, que normalmente são mais baratos. Cafés Gourmet e certificados parecem ser a nova tendência dos consumidores para os anos futuros, em um movimento natural de valorização da qualidade e da certificação. Cerca de 81% dos gastos na categoria café são feitos em supermercados, para abastecer principalmente o lar. Fora do lar, o principal canal de vendas são as padarias, que respondem por 64% dos gastos da categoria café. As cafeterias, apesar do seu crescimento vertiginoso, ainda respondem por 50% dos gastos da categoria café. Isto significa que consumidores degustam café em padarias e em cafeterias, no mesmo dia.
A ABIC estima que o volume de vendas do setor de torrado e moído em 2013 tenha sido de R$ 7,3 bilhões.
Diminui o número de indústrias de café no País
Contribuiu para esta redução a constatação da diminuição do número de empresas de pequeno porte, cuja quantidade produzida esta sendo reavaliada, o que levou a ABIC a considerar uma queda no volume que era atribuído a este grupo de empresas neste levantamento. Em final de 2012, a entidade contabilizava 1.490 indústrias no País, de todos os portes, que atuaram no mercado nos últimos 4 anos, e em final de 2013 esse número foi de 1.428 .
A ABIC defende uma ampliação forte dos investimentos em marketing e publicidade
A redução no volume do consumo interno leva a ABIC a reforçar a sua tese de que é preciso estimular o consumo de café investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos. O comportamento dos consumidores tem sido o de ampliar a experimentação e valorizar os produtos com melhor qualidade, certificados e sustentáveis. Esta opção pelo café precisa ser estimulada utilizando-se recursos da publicidade para orientar, educar e difundir conhecimentos sobre café e suas qualidades.
Dessa forma, a entidade esta debruçada sobre a elaboração de um plano de marketing que destaque os atributos do café com seus benefícios para a saúde, energia e bem-estar, que serão os princípios a explorar neste período da Copa do Mundo e posteriores, de modo a criar uma relação estreita entre a vida saudável, com energia e prazer, que o consumo de café traz. E busca recursos no FUNCAFÉ que podem se somar as contrapartidas das empresas.
Consumo fora do lar continua em crescimento
Por outro lado, o consumo de café fora do lar segue crescendo, representando 36% do consumo total, com um número cada vez maior de cafeterias, restaurantes, padarias e pontos de dose, quase todos eles oferecendo cafés de qualidade boa a ótima. Da mesma forma, o consumo dos cafés porcionados, seja em sachês ou em cápsulas, bem como, a forma tradicional de café torrado em grão para uso em máquinas automáticas e profissionais, alcançam níveis de crescimento acima de 20% ao ano, embora ainda seja a menor parte do mercado. As cápsulas estão presentes em 0,6% dos lares, segundo pesquisa da AC Nielsen, em 2012/2013. Isto mostra que há muito campo para explorar e que os consumidores estão reconhecendo e valorizando a qualidade, e que a indústria precisa estar atenta para oferecer estes produtos.
O número de máquinas de café expresso domésticas ultrapassam 850 mil unidades, conforme levantado pela Kantar Worldpanel em final de 2012. E os novo tipos de equipamentos para preparação de cafés filtrados, em sachês, por exemplo, ultrapassam as 300.000 unidades.
No caso dos cafés em cápsulas, a evolução deste segmento foi muito acentuada no ano 2013. Surgiram novas empresas importadoras de cápsulas e de máquinas, bem como, outras que já montaram suas instalações industriais e produzem localmente. Cerca de 10 novas empresas já atuam neste mercado, o que vai tornar a concorrência bastante intensa num segmento de alta tecnologia e alto valor agregado. Enquanto as vendas dos cafés tradicionais em pó ampliaram 4,7% em 2013, os cafés em cápsulas ganharam 36,5% em vendas.
Outra inovação importante foram as lojas virtuais, servindo como canal de distribuição para cafés de alta qualidade, de origens brasileiras e estrangeiras bem como, máquinas e acessórios ou equipamentos para preparo de cafés filtrados e espressos. Por esta razão, o volume de importação de café industrializado em 2013 chegou a US$ 32,8 milhões contra US$ 15,7 milhões em exportações de café torrado/moído.
Os consumidores brasileiros têm a sua disposição centenas de cafés de alta qualidade, os chamados cafés gourmet ou especiais. O Brasil tornou-se o país produtor que mais fornece grãos especiais e de alta qualidade para o mundo e esta qualidade chegou à mesa do consumidor brasileiro, com centenas de marcas de cafés gourmet disponíveis em todo País. Somente a ABIC certifica e monitora cerca de 125 marcas de café gourmet.
A expectativa da indústria para 2014 é a de contornar eventuais dificuldades com o suprimento de matéria-prima, em função das notícias de possível redução da safra de café afetada pela seca deste início de ano. Os custos aumentarão e as empresas eventualmente deverão reavaliar suas operações. Oferecer produtos de maior valor agregado é uma forma importante de escapar de crises no setor e por isso, a indústria precisa estar atenta aos efeitos da seca na qualidade da safra que será colhida no ano.
Em 2014, a ABIC estima a retomada do crescimento do consumo interno de café, ao nível de 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os gourmet.
Fonte: Imprensa ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café
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