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Abag debate os gargalos que afetam agronegócio

Logística e infraestrutura foi o tema central do Congresso Brasileiro do Agronegócio, organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), realizado nessa segunda, dia 5, no centro de eventos do Sheraton WTC, em São Paulo


Publicado em: 09/08/2013 às 14:50hs

Abag debate os gargalos que afetam agronegócio

Considerado um dos principais gargalos que afeta a competitividade do setor primário brasileiro, especialistas discutiram problemas e soluções para buscar formas de escoar a crescente safra brasileira de grãos.

No principal painel do dia, o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, falou sobre o andamento do Programa de Investimentos em Logística, lançado pelo governo federal no ano passado. Segundo ele, os editais para licitações de construção e modernização de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos por meio de concessões privadas devem sair entre agosto e setembro. “Duas concessões já foram avaliadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), com editais aprovados. Agora faltam os leilões acontecerem”, diz.

O investimento previsto é de R$ 52 bilhões para rodovias e R$ 90 bilhões para ferrovias. Uma das preocupações do setor é a falta de interessados nos projetos. “Já chegamos a um consenso com o mercado. Eu não percebo que haja falta de interesse, não tem nenhuma briga com o mercado. Talvez tenhamos ajustes pontuais no orçamento de ferrovias, mas hoje não há nenhum debate nem sobre valores de investimentos e nem sobre modelos de concessão”, afirma Figueiredo. Ele garante que o investidor tem uma rentabilidade de 16% em termos reais, pois pela primeira vez o governo está garantindo um financiamento na linha de projetos para 70% do investimento sem garantias corporativas. “Estamos fazendo um plano que é muito atraente ao investidor”, completa o presidente da EPL.

Sobre a dependência do modal rodoviário, Figueiredo explica que a produção brasileira caminhou para o interior do País ainda nos anos 1970 e, naquele momento, o transporte por rodovias era o que existia de mais eficaz para explorar regiões agrícolas. “Abrimos a fronteira agrícola com o transporte rodoviário e não soubemos fazer a conversão para outros modais quando o setor cresceu”, salienta. Por isso, o dirigente avalia que, em curto prazo, a alternativa é recuperar rodovias para escoar a produção.

O modelo apresentado pelo dirigente gerou divergências entre os demais participantes do painel. Para o diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Yoshiaki Nakano, a proposta da criação da EPL vai desburocratizar os investimentos em logística. “Estamos avançando de um programa desintegrado para um programa mais integrado. Cada setor pensa por si, faz suas concessões e não conversa com outro. Agora existe uma estrutura paralela, é um grande avanço.”

Já o sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica, Alexandre Schwartsman, fez duras críticas ao plano apresentado pela EPL. “Este modelo não vai funcionar. O programa compara o estado das rodovias que foram concedidas pelo governo federal com as que foram concedidas pelo estado de São Paulo.

Em São Paulo, o pedágio é muito mais caro, mas temos uma rodovia. Se pegarmos a BR-116 até a Serra do Cafezal, não foi duplicada até hoje. Você tem motricidade tarifária, mas volume de investimento baixo. O que não se paga em pedágio, se paga em custo de transporte”, afirma o consultor.

Fonte: Jornal do Comércio

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