Publicado em: 09/04/2014 às 15:20hs
Após o encerramento da Segunda Conferencia Global de Biofortificação, no início de abril em Kigali, Ruanda, o Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Esdras Sundfeld, afirmou que um dos grandes desafios a partir de agora é levar os benefícios dos alimentos biofortificados a um maior número de pessoas, massificando a estratégia de disseminação destes produtos. Outro objetivo será encontrar formas de reunir dados consistentes que demonstrem que os alimentos biofortificados têm impacto nutricional significativo e que são em termos de mercado, economicamente viáveis nas várias regiões em que vêm sendo estudados. “A biofortificação já é muito importante na África, onde há diversos países envolvidos, mas a abrangência ainda é limitada. O Brasil pelo extenso território e variedade nas preferências alimentares também traz dificuldades que esperamos vencer nos próximos anos.” Disse o pesquisador.
Ele ainda lembra a tarefa de obtenção de variedades melhoradas como algo contínuo e faz questão de exemplificar o Brasil como um modelo de trabalho com potencial para ser exportado para outros países, gerando oportunidades também na área de transferência de tecnologia. “O Brasil é o país com maior número de cultivares biofortificados em desenvolvimento. Além da parte de pesquisa, o trabalho de transferência deverá assumir igual importância, podendo-se prever que haverá interesse de outros países em receber e validar essas tecnologias a nível local”.
A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos e líder da Rede BioFORT, Marília Nutti, falou das parcerias internacionais e sua importância na ampliação das ações. “A presença de representantes dos governos da Nicarágua e Guatemala na conferência foi uma excelente oportunidade para troca de experiências entre países da América Latina e Caribe (ALC), mais os da África, além do intercâmbio com as experiências do Brasil, visto que existem peculiaridades que merecem ser exploradas, tais como atividades na área rural do continente africano e na área urbana da ALC.” Conclui a pesquisadora.
A Segunda Conferência Global de Biofortificação contou ainda com as presenças de Akinwumi Adesina, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Nigéria; Pierre Habumuremyi, Primeiro Ministro de Ruanda; Howarth Bouis, Diretor da Instituição de Pesquisa HarvestPlus; Christopher Elias, Fundação Bill e Melinda Gates; Mankombu Swaminathan, primeira pessoa a receber o Prêmio Mundial da Alimentação
Também participaram do evento o pesquisador e um dos coordenadores da Rede BioFORT, José Luiz Viana (Embrapa Agroindústria de Alimentos), a nutricionista Andrea Galante (Programa Mundial de Alimentos), e a jornalista Fabíola Ortiz (IPS-Agência de Notícias).
A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, que atualmente são coordenados pela Embrapa. Através de parcerias, como as feitas com as instituições de pesquisas HarvestPlus e AgroSalud, financiadas pela Agência de Desenvolvimento Internacional do Canadá (CIDA), pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) e também pela Fundação Bill e Melinda Gates, a Rede utiliza melhoramento genético convencional, para selecionar e aumentar o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna.
Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos
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