Publicado em: 29/11/2013 às 13:50hs
Uma seca emendada na outra e a produção agrícola de sequeiro, quando se utiliza apenas a água da chuva, despencou no Rio Grande do Norte. Este ano, de 300 mil hectares disponíveis para o plantio no estado, apenas 80 mil foram cultivados. E, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura e Pesca (Sape-RN), 80% de tudo o que foi plantado se perdeu. O rebanho bovino também definhou e está resumido a 700 mil cabeças.
No segundo ano consecutivo de seca a situação do produtor rural no estado agravou-se devido à continuidade do clima desfavorável para o plantio. A agricultura familiar foi uma das mais afetadas com perdas quase que totais em algumas culturas. Mesmo com políticas públicas para manter a renda para as famílias, a falta de água continua sendo o maior problema enfrentado pelo homem do campo, e continua gerando prejuízos.
De acordo com indicadores do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (Emater-RN), que levam em conta apenas os números percentuais, as perdas de algumas culturas, e em certas regiões chegaram a 100%, como, por exemplo, a produção de milho no Seridó e no Alto Oeste.
Este ano, as plantações de milho, mesmo nas regiões com melhor desempenho, tiveram perdas significativas. No geral, a cultura encolheu 90%.
Já de feijão a variação de perda foi entre 60% e 80%, sendo as regiões mais afastadas do litoral leste as que apresentaram a situação mais crítica. A mandioca também teve uma queda significativa variando entre 60% e 80%.
A produção leiteira despencou por causa da estiagem. Na média do estado, os agricultores familiares estão deixando de produzir entre 60% e 70%. Isso, com a área de pastagem reduzida a 30% se comparada a um ano de precipitações regulares.
Os dados levantados pela Emater são previsões de frustração da safra e servem como base para o pagamento ao seguro dos agricultores que têm perdas superiores a 50%.
Mas outros dados corroboram as perdas. Segundo a Delegacia Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, no ano de 2012 a queda na produção de milho e feijão foi de 90% em algumas regiões.
Já de acordo com a Secretaria de Agricultura o rebanho potiguar dos agricultores familiares e pequenos produtores caiu de um milhão e cinquenta mil cabeças em 2011, para 855 mil em 2012. Já neste ano, a quantidade de animais ficou ainda mais reduzida, apenas 700 mil cabeças foram contabilizadas no último levantamento da Sape-RN.
Para o secretário de agricultura do estado, Tarcísio Bezerra, o principal fator que levou a este alto índice de perda é a sequência de dois anos seguidos de forte estiagem. Opinião compartilhada pelo delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Raimundo Costa. “De fato a seca que aconteceu seguidamente entre 2012 e 2013 afetou fortemente o nosso setor”, afirmou.
Apesar do desenvolvimento de uma quantidade razoável de políticas públicas para a agricultura familiar nos últimos 15 anos, de acordo com o diretor técnico da Emater, Aristides Bezerra Filho, este perfil de produtor ainda é o que mais sofre durante os períodos de estiagem. A falta de recursos para investir é o principal problema, fazendo desta parcela de produtores em situação de risco dependentes de seguros e apoio financeiros.
Fonte: Novo Jornal
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