Publicado em: 06/06/2025 às 09:30hs
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou recentemente duas novas portarias com zoneamentos climáticos para a batata, baseadas em pesquisas da Embrapa. Esses estudos indicam as áreas mais favoráveis para o cultivo da batata, tanto para o consumo in natura (batata de mesa) quanto para a produção destinada à indústria. O objetivo é oferecer orientações precisas para os produtores, ajudando a maximizar a produtividade e qualidade das lavouras.
A principal distinção entre as duas finalidades está no ciclo de cultivo. A batata de mesa é colhida em cerca de 90 dias, quando apresenta pele lisa e aparência adequada para o consumidor final. Já a batata para indústria permanece no campo entre 120 e 130 dias, atingindo maior teor de matéria seca e menor concentração de açúcares — características essenciais para qualidade do processamento industrial, como crocância e cor clara. Segundo Arione Pereira, pesquisador da Embrapa, essa diferença no ciclo impacta diretamente o manejo e a qualidade do produto final.
O estudo não analisa variedades específicas de batata, pois o ciclo da cultura é determinado pelo manejo adotado em campo, mais do que pelas diferenças genéticas entre cultivares. De acordo com Carlos Reisser Júnior, da Embrapa Clima Temperado, isso justifica a criação de estudos separados para diferentes tipos de batata, considerando suas aptidões distintas.
Temperaturas extremas e precipitação inadequada são os principais fatores que afetam negativamente as lavouras. Seca prolongada prejudica diretamente as plantas, mas pode ser amenizada com irrigação. O excesso de chuvas, por outro lado, favorece o encharcamento do solo e o surgimento de doenças. Outros riscos incluem granizo, geada e redução da radiação solar. O estudo também avalia qualidade do solo, altitude e potencial produtivo das áreas para definir os níveis de risco climático.
As novas portarias substituem os zoneamentos estaduais anteriores, apresentando análises detalhadas por município e abrangendo todo o país. A metodologia unificada identificou regiões promissoras, como áreas de altitude elevada na Bahia, que antes não eram consideradas adequadas para o cultivo da batata, mas que agora mostram risco climático aceitável segundo programas de seguro rural. Porém, é necessário avaliar fatores como disponibilidade de água, mão-de-obra e logística antes de investir nessas áreas.
Produtores e agentes do setor podem consultar as indicações para o plantio por meio da plataforma Painel de Indicação de Riscos do Mapa ou pelo aplicativo Zarc Plantio Certo, da Embrapa Agricultura Digital. O sistema informa as datas recomendadas para plantio, níveis de risco de perdas (20%, 30%, 40%), além de considerar altitude, tipo de solo e finalidade do cultivo. Áreas com irrigação tendem a apresentar menores riscos.
Segundo os pesquisadores, as informações do Zarc são essenciais para que o produtor escolha as melhores épocas e locais para plantar, reduzindo riscos e aumentando as chances de sucesso. A ferramenta também é utilizada por programas de seguro rural, reforçando sua relevância para o planejamento agrícola no país.
O zoneamento foi coordenado pela equipe da Embrapa Clima Temperado, que também conduz o Programa de Melhoramento Genético da Batata, responsável por lançar cultivares que representam cerca de 7% do mercado nacional. Outros colaboradores foram a Embrapa Hortaliças (DF), Embrapa Agricultura Digital e a Associação Brasileira da Batata (ABBA), que auxiliou na articulação com produtores e indústrias para validar a metodologia e os dados apresentados.
Esses avanços representam um importante passo para expandir a produção de batata no Brasil, alinhando a atividade agrícola às condições climáticas e às necessidades do mercado, seja para consumo direto ou industrialização.
Fonte: Portal do Agronegócio
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