Clima

Novos Zoneamentos Climáticos Ampliam Áreas para Produção de Batata Fresca e Industrial no Brasil

Atualizações nos mapas climáticos abrem novas oportunidades para o cultivo de batata fresca e industrial, impulsionando o setor agropecuário nacional


Publicado em: 06/06/2025 às 09:30hs

Novos Zoneamentos Climáticos Ampliam Áreas para Produção de Batata Fresca e Industrial no Brasil
Foto: Paulo Lanzeta
Novos Estudos do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc)

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou recentemente duas novas portarias com zoneamentos climáticos para a batata, baseadas em pesquisas da Embrapa. Esses estudos indicam as áreas mais favoráveis para o cultivo da batata, tanto para o consumo in natura (batata de mesa) quanto para a produção destinada à indústria. O objetivo é oferecer orientações precisas para os produtores, ajudando a maximizar a produtividade e qualidade das lavouras.

Diferenças entre Batata de Mesa e Batata para Indústria

A principal distinção entre as duas finalidades está no ciclo de cultivo. A batata de mesa é colhida em cerca de 90 dias, quando apresenta pele lisa e aparência adequada para o consumidor final. Já a batata para indústria permanece no campo entre 120 e 130 dias, atingindo maior teor de matéria seca e menor concentração de açúcares — características essenciais para qualidade do processamento industrial, como crocância e cor clara. Segundo Arione Pereira, pesquisador da Embrapa, essa diferença no ciclo impacta diretamente o manejo e a qualidade do produto final.

Zoneamento Considera o Sistema de Produção, Não Cultivares Específicas

O estudo não analisa variedades específicas de batata, pois o ciclo da cultura é determinado pelo manejo adotado em campo, mais do que pelas diferenças genéticas entre cultivares. De acordo com Carlos Reisser Júnior, da Embrapa Clima Temperado, isso justifica a criação de estudos separados para diferentes tipos de batata, considerando suas aptidões distintas.

Principais Riscos Climáticos para a Cultura da Batata

Temperaturas extremas e precipitação inadequada são os principais fatores que afetam negativamente as lavouras. Seca prolongada prejudica diretamente as plantas, mas pode ser amenizada com irrigação. O excesso de chuvas, por outro lado, favorece o encharcamento do solo e o surgimento de doenças. Outros riscos incluem granizo, geada e redução da radiação solar. O estudo também avalia qualidade do solo, altitude e potencial produtivo das áreas para definir os níveis de risco climático.

Zoneamento Nacional Identifica Novas Áreas com Potencial para Cultivo

As novas portarias substituem os zoneamentos estaduais anteriores, apresentando análises detalhadas por município e abrangendo todo o país. A metodologia unificada identificou regiões promissoras, como áreas de altitude elevada na Bahia, que antes não eram consideradas adequadas para o cultivo da batata, mas que agora mostram risco climático aceitável segundo programas de seguro rural. Porém, é necessário avaliar fatores como disponibilidade de água, mão-de-obra e logística antes de investir nessas áreas.

Ferramenta Digital para Consulta e Planejamento

Produtores e agentes do setor podem consultar as indicações para o plantio por meio da plataforma Painel de Indicação de Riscos do Mapa ou pelo aplicativo Zarc Plantio Certo, da Embrapa Agricultura Digital. O sistema informa as datas recomendadas para plantio, níveis de risco de perdas (20%, 30%, 40%), além de considerar altitude, tipo de solo e finalidade do cultivo. Áreas com irrigação tendem a apresentar menores riscos.

Importância do Zoneamento para o Produtor e o Setor

Segundo os pesquisadores, as informações do Zarc são essenciais para que o produtor escolha as melhores épocas e locais para plantar, reduzindo riscos e aumentando as chances de sucesso. A ferramenta também é utilizada por programas de seguro rural, reforçando sua relevância para o planejamento agrícola no país.

Parcerias e Desenvolvimento do Estudo

O zoneamento foi coordenado pela equipe da Embrapa Clima Temperado, que também conduz o Programa de Melhoramento Genético da Batata, responsável por lançar cultivares que representam cerca de 7% do mercado nacional. Outros colaboradores foram a Embrapa Hortaliças (DF), Embrapa Agricultura Digital e a Associação Brasileira da Batata (ABBA), que auxiliou na articulação com produtores e indústrias para validar a metodologia e os dados apresentados.

Esses avanços representam um importante passo para expandir a produção de batata no Brasil, alinhando a atividade agrícola às condições climáticas e às necessidades do mercado, seja para consumo direto ou industrialização.

Fonte: Portal do Agronegócio

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