Uma frente fria que ficou parada na costa do Sudeste fez um canal de nebulosidade com a umidade proveniente da floresta Amazônica e, no meio do caminho, estavam Mato Grosso e Goiás. Principalmente o norte desses dois Estados registrou volumes bem altos de chuva ao longo dessa semana. Só nas últimas 24 horas, a cidade de Novo Mundo, que fica no norte de Mato Grosso, e Morrinhos, localizada no sul de Goiás, receberam cerca de 80 milímetros de chuva.

As lavouras de soja que foram plantadas mais cedo em setembro já começam a florescer nas cidades produtores de Primavera do Leste, Campo Novo do Parecis e Sapezal. Somente em Mato Grosso do Sul é que o tempo tem ficado mais firme. Mesmo assim, os índices de umidade do solo seguem com valores confortáveis para o desenvolvimento das lavouras recém plantadas.

Enquanto a chuva cai em forma de pancada e possui intervalos de melhoria, tudo vai bem. O grande problema é que os volumes previstos para as próximas duas semanas chegam aos 300 milímetros acumulados em alguns trechos de Goiás e Mato Grosso. O tempo muito encoberto e chuvoso favorece o aparecimento de ferrugem nas plantações e impede que os agricultores possam fazer seus tratos culturais.

Além disso, não podemos deixar de ressaltar que os produtores vivem agora um pesadelo que vai muito além da preocupação com o excesso ou a falta de chuva. A lagarta Helicoverpa ataca grande parte das lavouras recém-germinadas.

– Se este volume de chuva previsto se confirmar, pelo menos vai ser prejudicial para a lagarta que não gosta do excesso de água nas plantas – explica o agrometeorologista e consultor da Somar, Marco Antônio dos Santos.

De qualquer maneira, os produtores precisam de intervalos de tempo firme para a aplicação de inseticida nas lavouras. Algo que, se esta chamada invernada (dias de chuva intermitente) ocorrer, não será possível.