Publicado em: 28/03/2014 às 13:00hs
A esperança no fim da estiagem prolongada está na consolidação do período chuvoso. Já o fim do sofrimento com o fenômeno cíclico, conhecido desde a ocupação do Nordeste, é só um fio – ou um canal – de esperança serpenteando desde o sertão pernambucano.
Uma representação da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) irá, junto com uma comitiva da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), até a cidade de Cabrobó para visitar as obras de transposição do rio São Francisco.
As duas entidades foram convidadas pelo Ministério da Integração Nacional para acompanhar o andamento e conhecer o cronograma das obras. De acordo com o presidente da Faern, José Vieira, a ideia é aproveitar o encontro para cobrar do ministro Francisco Teixeira o cumprimento do prazo de entrega da transposição. “Queremos saber sobre o andamento das obras e também cobrar celeridade”, disse Vieira.
Iniciada em 2007, a obra, que prevê a construção de mais de 700 km de canais de concreto e nove estações de bombeamento, deveria ter sido concluída em 2012. O novo prazo apresentado pelo Ministério da Integração é 2015.
O presidente da Faern lamenta a demora na entrega da transposição. “Se essa água já tivesse chegado ao Rio Grande do Norte não estávamos passando por essa situação de calamidade. Dava para abastecer as cidades e a agricultura sem problema”, disse José Vieira.
Vieira esteve ainda ontem em Brasília (DF) na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para recolher informações sobre a transposição. Ele quer ter bases na hora de reivindicar. “Vamos visitar as estações de bombeamento em Cabrobó e precisamos de informações”, disse. O presidente estará acompanhado de um assessor técnico da Faern.
De acordo com o projeto, o eixo Norte da transposição será abastecido da água retirada do São Francisco na região próxima a Cabrobó. O município pernambucano, que fica às margens do maior rio do Nordeste do país, é o ponto de partida para o eixo maior da transposição.
Esta parte da obra, tocada pelo Governo Federal, é a que irá abastecer, além de Ceará e Paraíba, os dois principais rios do Rio Grande do Norte: Apodi-Mossoró, este genuinamente potiguar, e o Piranhas-Açu, que nasce na Paraíba e corta todo o Seridó e Vale do Açu.
A visita também deverá passar, segundo informações do Ministério da Integração, pela cidade de Jati, no Ceará, que fica a 115 km de Cabrobó. O município conta com um reservatório e está na rota da transposição, ligando as metas 1N e 2N do eixo. Os canteiros de obras em Cabrobó e Jati funcionam 24 horas por dia.
A divisão dos eixos foi refeita após as readequações promovidas pelo Ministério da Integração Nacional por conta dos atrasos na execução da transposição. O eixo Leste tem três lotes: 1L, de 16 km, com 86,3% de conclusão; 2L de 167 km, 58% de execução; e 3L de 34 km, com 15,9% de execução de acordo com os dados contidos no site do ministério.
O eixo Norte, que beneficiará o RN também tem três trechos: 1N, com 140 km e 57,2% de execução; 2N, 39 km e 24,6% dos serviços concluídos; e o 3N, com extensão de 81 km e 47,2% de execução.
ESTADO
Os representantes da Faern devem voltar ao estado apenas amanhã, no fim do dia. A ideia do presidente da federação regional é estudar os dados que serão apresentados pelo ministro Francisco Teixeira. E então partir para a próxima etapa de cobranças.
Para José Vieira, a administração pública potiguar precisa começar a trabalhar na integração da bacia hidrográfica potiguar, dividida em seis trechos. “Também vamos cobrar do Governo do Estado que construa os canais internos, para distribuir a água. Ela tem que circular, não ir para o mar. Precisamos segurar esta água no estado”, disse o presidente da Faern.
O exemplo, segundo ele, é o Ceará. O estado vizinho já licitou a construção dos canais internos, para repartir a água que virá do São Francisco entre todas as regiões do estado. O projeto é chamado de Cinturão das Águas do Ceará (CAC), com 1.300 km de extensão e custo aproximado de R$ 7 bilhões, vindos em grande parte dos cofres do Governo Federal. A previsão é que o CAC seja entregue no fim deste ano. “Infelizmente, no Rio Grande do Norte não temos nada, nem um projeto neste sentido”, completou Vieira.
No Rio Grande do Norte, pela proposta da Faern, os canais internos, no mesmo modelo dos construídos na transposição do São Francisco, interligariam as bacias dos rios Potengi, Pitimbu, Ceará-Mirim e Maxaranguape ao Piranhas-Açu, que passaria a contribuir para a vazão destes rios com a água recebida do Velho Chico.
Fonte: Novo Jornal
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