Publicado em: 06/06/2014 às 11:40hs
A estiagem atípica registrada no primeiro trimestre deste ano, que impactou de forma severa a produção do agronegócio de Minas Gerais, mostrou, mais uma vez, que o uso da água deve ser gerenciado como um recurso essencial, cada vez mais escasso, que é fundamental para a sobrevivência humana e para o desenvolvimento de atividades econômicas, como a produção de alimentos.
De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), somente no Estado a falta de água registrada ao longo dos primeiros meses do ano promoveu uma queda de 4,8% na produção total de grãos, que será de 11,5 milhões de toneladas, frente à previsão inicial de 12 milhões de toneladas. Já na produção de café as perdas serão de pelo menos 17%, com previsão de colher 22,9 milhões de sacas de 60 quilos do grão.
No agronegócio, os principais efeitos provocados pela escassez de água são a redução da oferta de alimentos, prejuízos para os produtores e aumento dos preços ao consumidor.
Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento), João Ricardo Albanez, o impacto dos prejuízos registrados no agronegócio devido à seca pode afetar a economia de modo geral.
"Não restam dúvidas de que a produção do agronegócio contribui para o saldo da balança comercial, para a composição do PIB (Produto Interno Bruto), para a geração de empregos, manutenção dos preços e para a segurança alimentar e de oferta de alimentos no mundo. No Estado, empreendedores rurais têm implementado tecnologias que potencializam o uso da água e outras que elevam a produção e recuperação de áreas degradadas. Estas ações são fundamentais, uma vez que o agronegócio do país tem papel decisivo na alimentação da população mundial, devendo ser ampliada em 50% até 2030 para atender ao crescimento da demanda", ressalta Albanez.
Ainda segundo o superintendente, a preservação dos recursos hídricos terá ganhos com a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). "Um salto que daremos é que após o CAR teremos não só um mapeamento da área produtiva, como também a possibilidade de planejarmos a ocupação do solo e as formas de preservar a ampliar a oferta de água. A conservação do recurso é uma preocupação de toda a sociedade, e o produtor tem papel fundamental, já que a água está concentrada no campo. Por isso, é preciso pensar em remunerar o agricultor", afirma.
Tecnologias
Conforme o presidente da FAEMG, Roberto Simões, agora, mais do que nunca, é preciso que sejam adotadas formas de preservar a água. Dentre as políticas de produtividade que precisam ser ampliadas no Estado estão as de irrigação, as de gestão da água e as tecnologia de mecanização. Na opinião de Simões, os produtores rurais de Minas Gerais têm ciência da sua responsabilidade e estão contribuindo para o melhor uso dos recursos hídricos.
"A seca deste ano jogou por terra a crença brasileira de que a água doce é um bem infindável. Não é. Água acaba, rios e córregos secam, barragens viram lama. Assim, como bem finito, a água deve ser gerenciada como um tesouro cada vez mais escasso, do qual depende a sobrevivência humana e importantes atividades produtivas. Tudo isso mostra que, a partir de agora - e mais do que nunca -, sociedade, governos, instituições públicas e setores produtivos precisam intensificar a prática de uma gestão eficiente e constante da água, antes que seja tarde demais. O campo mineiro, que carrega nas mãos a bandeira da sustentabilidade, vem implantando gradativamente todos esses quesitos", diz.
Para a coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente da FAEMG, Ana Paula Mello, com as perdas registradas ao longo da safra os produtores mineiros devem investir mais em meios que conservem a oferta de água.
"O produtor rural percebeu, neste ano, a fragilidade da disposição hídrica. Do ponto de vista do Estado, no controle do uso da água, o produtor tem usado tecnologias mais eficientes, mas ainda há bastante espaço para melhorias. preciso ampliar as estratégias para represar água, como a construção de barraginhas, por exemplo, favorecendo a infiltração da água no solo, reduzindo o escoamento da água das chuvas e ampliando o lençol freático", diz.
Fonte: Diário do Comércio
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