Publicado em: 11/02/2014 às 17:20hs
Da lavoura de soja ao café, da laranja à flor, praticamente todas as culturas agrícolas do Estado de São Paulo estão sofrendo com as altas temperaturas e a falta de chuvas. Segundo levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) divulgado ontem, algumas regiões já estão com metade da sua produção perdida. Como a previsão é de que a estiagem se prolongue até o dia 20, a perda pode ser total em algumas áreas.
O milho deve ser um dos mais afetados. Na fazenda de Frederik Wolters, em Itararé, a produtividade do grão já está 30% menor que a do ano passado. Na área com soja, a produtividade já está 11% menor. Em todo o estado, as perdas devem ser de ao menos 35% para ambas as culturas, segundo a Faesp. Em algumas regiões, a produção de milho já caiu pela metade e pode ser eliminada se não chover nos próximos dias.
Quem planta café no estado já calcula um prejuízo de ao menos 10%. A falta de chuva impediu o crescimento de ramos, o que vai reduzir a florada e consequentemente o volume produzido em 2015. Mas o CEO da O'Coffee, Edgard Bressani, acredita que 10% do volume estimado para esta safra já está comprometido.
A seca ainda está prejudicando o enchimento dos grãos e será necessário mais grãos para fazer uma saca. "No ano passado, eu fazia 1 saco com 500 litros colhidos do grão. Este ano vou gastar 550 litros", estima o produtor Helder Branquinho, de Alta Mogiana, onde o volume de chuvas em janeiro ficou 60% abaixo da média histórica. O agricultor tem uma lavoura irrigada, mas já contabiliza prejuízos em suas terras. "Estou tentando minimizar as perdas, mas não vou ficar isento."
A colheita da cana-de-açúcar começa apenas em março, mas a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) estima que na região de Piracicaba já é possível estimar uma queda de produtividade de 10%. "A cana não cresceu o quanto deveria ter crescido se tivesse chovido normalmente", diz o produtor Marcelo Dário, em Avaré. Os pés também estão mais vulneráveis a ataques de besouros, que comem a raiz da planta e também podem contribuir para a redução de produtividade, aponta Álvaro Macedo, da Coplacana.
As perdas também devem passar de 10% na produção de laranja. É o que calcula o produtor Antonio de Oliveira, de Itápolis, que fornece laranja para mesa. "O volume ainda não foi afetado porque as frutas tardias que estamos colhendo agora já estavam nas árvores. Mas deve afetar o volume para a próxima safra, cuja colheita começa em junho." Ele calcula que deve perder até 15% de sua produção, antes estimada em 300 mil caixas. Das laranjas que está colhendo agora, só está conseguindo comercializar metade.
A falta de chuvas está afetando até a produção de flores. Em Bragança Paulista, André Cavallaro só está conseguindo colher um quarto de lisiantos do que retira do campo por semana. "De 40 caixas por semana, caiu para 10, desde o começo do mês", lamenta. Como outros produtores vizinhos, ele capta a água para irrigação de um córrego na região, mas diz que, com o baixo nível de água, às 8h já não consegue mais tirar água do rio. "Vamos combinar de cada um ligar a bomba num horário. É um racionamento entre os produtores", conta.
Fonte: DCI
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