Clima

Clima foi determinante para lavouras em dezembro

Comportamento influenciou as culturas de grãos de forma diferente pelas regiões


Publicado em: 10/01/2022 às 18:20hs

Clima foi determinante para lavouras em dezembro

Dezembro teve comportamentos diferentes no clima pelas regiões brasileiras. As informações foram divulgadas pelo Sistema Tempocampo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Os altos volumes de chuva e a seca em outras regiões foram definitivos para o desenvolvimento de lavouras de grãos como soja, milho, feijão, arroz e algodão. Sob atuação do La Niña, tradicionalmente, o Norte e Centro recebem mais chuvas, enquanto o Sul tem escassez. As previsões apontam que os efeitos da La Niña devem se estender até o mês de março, tornando o verão nas regiões Norte e Nordeste mais chuvoso, e aumentando a frequência de estiagens na Região Sul, o que levanta um sinal de alerta para os produtores do sul do país.

Em dezembro a Região Norte registrou grandes volumes. O total de chuvas passou de 240 mm enquanto na Região Nordeste as chuvas mais abundantes foram registradas no Maranhão, no Piauí e na Bahia. Nos demais estados nordestinos o acumulado de precipitação não ultrapassou 90 mm. No Mato Grosso, o total de chuvas superou 240 mm nas mesorregiões norte e nordeste. Maiores volumes de precipitação também foram registrados no norte do Mato Grosso do Sul. Acumulados de 180 mm a 240 mm foram registrados na maior parte dos territórios de Minas Gerais e de Goiás. Na Região Sul, as chuvas totalizaram cerca de 90 mm na maior parte do Rio Grande do Sul e não superaram os 60 mm em quase todo o Paraná.

Devido ao grande volume de chuvas, a Região Norte apresentou os maiores valores de armazenamento de água no solo. Nos estados do Amazonas, Rondônia, Acre e Tocantins, a umidade passou de 90%. Em partes do Pará e Roraima a umidade variou entre 60% e 75%. Umidade do solo acima de 75% foi registrado em quase todo o Mato Grosso e, em Goiás, o armazenamento variou entre 60% e 90%. Já no Mato Grosso do Sul, foram registrados valores entre 45% e 75%. No Maranhão e na Bahia, o armazenamento foi de 45% a 75% na maior parte do território. No Piauí, a umidade variou entre 30% e 45% enquanto que nos demais estados da Região Nordeste a umidade foi inferior a 15%. Em Minas Gerais, o armazenamento variou entre 60% e 75%, chegando a 90% em algumas áreas. Em São Paulo, a umidade ficou entre 30% e 60% e na Região Sul, o armazenamento não passou de 30%. A situação é ainda mais grave em algumas regiões do Paraná, onde o armazenamento foi inferior a 15%.

Soja

A semeadura da soja foi concluída em quase todo o país e a colheita já se iniciou timidamente em áreas irrigadas do Mato Grosso. Cerca de 95% da área nacional destinada à cultura foram semeados até o final de dezembro. A semeadura já foi finalizada nos estados de Tocantins, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. No Maranhão, 90% da semeadura foi finalizada até o final de dezembro, em Santa Catarina, 98%, e no Rio Grande do Sul, 91%. As condições meteorológicas foram favoráveis para as lavouras do Matopiba e das regiões Centro-Oeste e Sudeste, com exceção de pontos isolados do Mato Grosso afetados pelo excesso de nebulosidade, de poucas áreas da Bahia afetadas pelo excesso de umidade, e de algumas localidades do Mato Grosso do Sul acometidas por períodos de estiagem.

Já a Região Sul foi desfavorecida pelo clima, já que o baixo volume de chuvas e as elevadas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento das lavouras do Paraná, sobretudo do oeste do estado. Mais de 40% das lavouras de soja paranaenses desenvolvem-se em condições regulares ou ruins. No Rio Grande do Sul, a restrição hídrica também impactou negativamente o potencial produtivo das lavouras implantadas e freou o avanço da semeadura.

Milho

Mais de 80% do milho da primeira safra brasileiro foram semeados até o final de dezembro. As condições meteorológicas contribuíram para o avanço da semeadura do milho no Matopiba e beneficiaram as lavouras em desenvolvimento. No Maranhão e no Piauí, 60% da semeadura foram finalizados, e na Bahia, onde o ritmo da operação é mais acelerado, 85% da semeadura já foram concluídos. Em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, a semeadura do milho de primeira safra já foi completamente concluída. As condições meteorológicas favoreceram as lavouras desses estados, que se encontravam em boas condições até o final de dezembro.

A falta de chuva e as elevadas temperaturas prejudicaram as lavouras de milho da Região Sul. Mais de 20% das lavouras de milho paranaenses encerraram o mês em condições regulares ou ruins. Falhas de polinização e má formação de espigas foram observadas no Rio Grande do Sul. No Paraná a semeadura já foi concluída, em Santa Catarina foi finalizada em quase 100% do território destinado ao cultivo de milho e, no Rio Grande do Sul, em 93% do território. A colheita do milho também já foi iniciada em áreas produtoras da Região Sul.

Arroz

A semeadura do arroz já foi concluída na Região Sul, principal região brasileira produtora do grão. As lavouras irrigadas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul estão se desenvolvendo bem em decorrência da elevada incidência de radiação, das temperaturas diurnas elevadas e das temperaturas noturnas amenas. No entanto, os produtores sulistas seguem preocupados com a falta de chuvas para reabastecer os reservatórios. No Tocantins, a semeadura foi finalizada em 87% da área projetada e o excesso de chuvas continua restringindo as atividades de semeadura. Cerca de 86% e 60% da semeadura foram concluídos nos estados de Mato Grosso e Goiás, respectivamente.

Feijão

A semeadura do feijão de primeira safra já foi concluída no Paraná, maior produtor de feijão do Brasil. As lavouras de sequeiro sofrem as consequências do déficit hídrico que atinge o estado e mais de 40% das áreas produtoras encerraram o mês em condições desfavoráveis. Em Goiás e no Paraná, a colheita foi iniciada na última semana de dezembro; em São Paulo, a colheita já foi finalizada. Na Bahia, o excesso de chuvas preocupa os produtores.

Algodão

Mais de 25% da área nacional destinada ao cultivo de algodão já foram semeados em dezembro. No Mato Grosso do Sul, a semeadura está em reta final, alcançando 97% da área prevista. No Mato Grosso, a semeadura da primeira safra foi praticamente finalizada e a da segunda safra iniciada em áreas onde a soja já foi colhida. A implantação da primeira safra de algodão em Goiás também foi concluída e as lavouras encontram-se em boas condições; as operações de semeadura nas áreas de cotonicultura do estado devem permanecer paralisadas até o início da colheita da soja.

A semeadura do algodão também avança no Matopiba, com 60% das áreas produtoras de algodão semeadas no Maranhão e no Piauí, e 83% na Bahia. A maior parte das lavouras implantadas encontram-se em boas condições de desenvolvimento e fitossanitárias, com exceção das localizadas no sul do Mato Grosso do Sul, que são afetadas pela baixa umidade do solo.

Fonte: Esalq/USP

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