Clima

Chuvas no Paraná afetam colheita e pressionam preços do trigo, enquanto Rio Grande do Sul impulsiona estimativas nacionais

Condições climáticas contrastantes entre os estados do Sul dividem o cenário da safra 2025; produtividade gaúcha sobe, mas preços seguem em queda com câmbio e oferta argentina.


Publicado em: 21/10/2025 às 11:00hs

Chuvas no Paraná afetam colheita e pressionam preços do trigo, enquanto Rio Grande do Sul impulsiona estimativas nacionais
Chuvas intensas no Paraná preocupam produtores e atrasam colheita

As chuvas persistentes no Paraná têm preocupado produtores de trigo e causado atrasos significativos na colheita do cereal, segundo levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O excesso de umidade ameaça a qualidade das lavouras ainda no campo, comprometendo parte da produção e aumentando o risco de perdas financeiras.

O Paraná, um dos principais estados produtores do país, enfrenta também queda nas cotações. Dados do Deral (Departamento de Economia Rural) mostram que o preço médio pago ao produtor caiu 0,95% na última semana, ficando em R$ 64,32 por saca, o que representa um prejuízo médio de 13,81% em relação aos custos de produção.

Rio Grande do Sul mantém alta produtividade e impulsiona estimativas nacionais

Enquanto o Paraná enfrenta desafios climáticos, o Rio Grande do Sul segue em ritmo positivo. Chuvas fracas e regulares têm favorecido o desenvolvimento das lavouras e mantido o potencial produtivo elevado. De acordo com a Emater/RS, a produtividade média estadual deve atingir 3,261 toneladas por hectare, alta de 17,26% frente ao ciclo anterior.

A produção total gaúcha está estimada em 3,721 milhões de toneladas, 0,57% acima da safra passada. O bom desempenho do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina levou a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a revisar para cima as estimativas nacionais da safra 2025, agora projetada em 7,698 milhões de toneladas — crescimento de 2,2% em relação à previsão de setembro.

Apesar disso, o volume ainda é 2,4% menor que o de 2024. A produtividade média brasileira foi reajustada para 3,142 t/ha, avanço de 2,1% sobre o relatório anterior e 21,8% maior do que na temporada passada.

Mercado de trigo segue pressionado por câmbio e oferta externa

Mesmo com a boa produtividade no Sul, o mercado de trigo no Brasil permanece pressionado. Segundo o Cepea, fatores como o enfraquecimento do dólar e o aumento da oferta argentina — principal origem das importações brasileiras — têm mantido as cotações em queda.

Levantamento da TF Agroeconômica mostra que o preço de exportação no Porto de Rio Grande recuou para R$ 1.165,00 por tonelada, o que reflete liquidez entre R$ 1.010,00 e R$ 1.015,00 no interior gaúcho. Nos moinhos, os negócios seguem limitados, com preços estáveis entre R$ 59,00 e R$ 60,00 por saca em regiões como Santa Rosa e Panambi.

Em Santa Catarina, o mercado também segue travado, sem novos negócios mesmo com o início da colheita. Os preços de balcão caíram na maioria das praças, variando entre R$ 61,00 e R$ 66,00 por saca. Já no Paraná, a combinação entre câmbio e desvalorização do trigo argentino reduziu a competitividade das exportações e pressionou as ofertas internas, que ficaram entre R$ 1.200 e R$ 1.250 por tonelada.

Perspectivas: safra dividida entre riscos e oportunidades

O contraste entre as condições climáticas no Paraná e no Rio Grande do Sul evidencia uma safra 2025 dividida entre riscos e oportunidades. Enquanto as chuvas intensas ameaçam a qualidade do grão no primeiro, o segundo impulsiona a produção nacional e ajuda a equilibrar o cenário.

Para especialistas, o momento exige cautela na comercialização e atenção às estratégias de gestão de risco, especialmente diante das oscilações cambiais e do comportamento instável do clima.

A evolução do tempo nas próximas semanas será determinante para definir os números finais da safra e o comportamento dos preços no mercado interno.

Fonte: Portal do Agronegócio

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