Publicado em: 10/11/2025 às 10:35hs
O início de novembro foi marcado por chuvas intensas, granizo e ventos fortes em várias regiões do Paraná, especialmente no Centro-Oeste e Norte do Estado. Apesar dos desafios climáticos, o agronegócio paranaense demonstra capacidade de adaptação e mantém perspectivas positivas para a safra.
O Boletim Conjuntural do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), aponta que as principais lavouras — soja, milho e feijão — permanecem dentro do período ideal de semeadura, o que permite o replantio das áreas danificadas e possibilita a recuperação parcial das perdas.
As tempestades afetaram algumas lavouras de soja, elevando o percentual de áreas em condições médias de 3% para 6% e fazendo surgir 1% de lavouras classificadas como ruins, o que representa cerca de 31 mil hectares prejudicados. Ainda assim, 93% das áreas cultivadas seguem em boas condições, somando 4,3 milhões de hectares em todo o Estado.
Nas regiões mais afetadas, produtores devem acionar seguros agrícolas ou optar pelo replantio, o que pode atrasar o calendário da segunda safra e exigir ajustes no planejamento.
A cultura do feijão, concentrada no Sul do Paraná, foi menos afetada pelos temporais. O plantio já atingiu 91% da área prevista, de 104 mil hectares, e 77% das lavouras estão em boas condições.
No entanto, o excesso de umidade e a baixa luminosidade observados em outubro podem limitar o potencial produtivo, especialmente por se tratar de uma cultura de ciclo curto, com menor tempo de recuperação diante de adversidades climáticas. As colheitas devem começar ainda em novembro e se estender até fevereiro de 2026, conforme o avanço do plantio em diferentes regiões.
O plantio do milho da primeira safra apresenta evolução estável, com 99% da área já semeada, superando o ritmo registrado no mesmo período do ano passado (98%). Segundo o Deral, a cultura também se mantém dentro do período ideal de semeadura, o que favorece possíveis replantios pontuais e garante boas perspectivas de recuperação para as áreas atingidas.
A pecuária paranaense também segue aquecida. O Deral destaca que o custo de reposição no Estado vem subindo acima da média nacional. Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indicam que a relação de troca entre a arroba do boi gordo e o bezerro aumentou 41% em relação ao mesmo mês de 2024.
Em algumas regiões, o produtor precisa vender até 13,6 arrobas para adquirir um bezerro. Com a proximidade das festas de fim de ano, o Deral prevê preços elevados para o boi gordo até o encerramento de 2025.
No atacado, os preços de outubro mostraram estabilidade — o dianteiro recuou 0,47%, enquanto o traseiro subiu 0,86%. Já no varejo, os principais cortes apresentaram queda, com destaque para a carne moída, que ficou quase 10% mais barata em relação a setembro. Mesmo assim, em 12 meses, todos os cortes subiram entre 10% (coxão mole) e 21% (patinho sem osso).
O setor de suinocultura permanece fortalecido, com preços estáveis e elevados após a forte valorização do ano anterior. Em 2025, o preço médio do quilo da carne suína no varejo é de R$ 22,36, alta de 27,5% em relação a 2024.
Entre os cortes monitorados pelo Deral, a paleta com osso registrou a maior variação, subindo 28,5% (de R$ 14,16/kg para R$ 18,20/kg). O lombo sem osso aumentou 27,5%, e o pernil com osso, 25,2%. Com a demanda aquecida pelas festas de fim de ano, os preços devem subir novamente, ainda que de forma mais moderada.
A erva-mate segue como uma das principais cadeias produtivas do agro paranaense. Em 2024, as exportações cresceram 50%, totalizando 5,2 mil toneladas enviadas ao exterior. O Paraná mantém a posição de segundo maior exportador do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com destaque para os mercados de Uruguai, Argentina e Alemanha.
O desempenho reforça o potencial competitivo e sustentável da cadeia produtiva, ampliando as oportunidades de expansão internacional do produto paranaense.
A fruticultura ganha cada vez mais espaço no Paraná, presente em 392 dos 399 municípios do Estado. Cidades como Paranavaí, Carlópolis, Alto Paraná, Guaratuba e Cerro Azul se destacam na produção de laranja, morango, uva, goiaba e banana.
Esses polos somam 15,7 mil hectares plantados, com colheita de 500,3 mil toneladas de frutas e um Valor Bruto de Produção (VBP) estimado em R$ 1 bilhão. A diversidade produtiva reforça a resiliência e a estabilidade econômica do agro paranaense frente às variações climáticas e de mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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