Dentre as principais culturas de inverno, o trigo tem se destacado, e um dos motivos é que a quantidade de grãos produzida terá um aumento de mais de uma tonelada, mesmo com a redução de 11% da área plantada, comparado ao ano passado, conforme estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).  

Junto a todas as mudanças, um dos fatores climáticos que mais tem influenciado a plantação são as chuvas acima da média. "A chuvarada de julho esteve associada às águas mais quentes do Atlântico, perto da costa do Sul", diz Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo.

Em Passo Fundo (RS), a média histórica de chuva no mês de julho é de 150mm. Entretanto, a cidade recebeu no mês passado um volume de chuva alto de 320mm, ou seja, quase 110% acima do normal. “A chuva acima da média histórica também foi provocada pela influência da massa de ar seco presente no Brasil central que bloqueou as frentes frias e às restringia ao Rio Grande do Sul”, explica o meteorologista da Climatempo.

Segundo Alessandro Davesac, agrônomo da EMATER, o plantio do trigo já está concluído no Rio Grande do Sul, mas as possíveis perdas que as chuvas causaram só serão vistas na colheita, que deve começar na segunda quinzena de outubro. Entretanto, alguns prejuízos já são sentidos. “Com a pouca luminosidade, temos muitas incidências de doenças. Então, de alguma maneira, isso pode ter prejudicado o perfilhamento do trigo”, conta o agrônomo.

O clima melhorou no inicio de agosto. Com a maior luminosidade e dias mais secos (com temperaturas amenas), Alessandro relata que os produtores conseguiram entrar nas lavouras e fazer os tratamentos necessários para conter as doenças fúngicas, o que favoreceu a recuperação e o cultivo do trigo e, de forma geral, contribuiu para o seu bom desenvolvimento. Mas as temperaturas amenas não resistem por muito tempo.

De acordo com a Climatempo, depois da passagem de uma forte frente fria durante este fim de semana, a temperatura vai cair no centro sul do Rio Grande do Sul. Em algumas localidades os termômetros podem ficar abaixo dos 10ºC, com risco de geada. A tendência para os próximos meses é de aumento significativo das chuvas sobre o estado gaúcho, devido à influência do fenômeno El Niño. A chuva deverá ficar acima do normal nos meses de setembro e outubro. Até o fim da colheita do trigo, a chuva ainda pode provocar prejuízos na safra.