Certificação

Certificação voluntária de brucelose abre novos mercados a produtores de GO

Há 40 anos trabalhando e vivendo na zona rural de Anápolis, Fernando Cordeiro de Barros está buscando novos caminhos para transformar sua propriedade rural em um grande negócio


Publicado em: 04/10/2013 às 13:30hs

Certificação voluntária de brucelose abre novos mercados a produtores de GO

Para isso ele deu um passo fundamental para entrar em novos mercados: conseguiu em maio último a certificação de sua fazenda como livre de brucelose e tuberculose. Essa autenticação é feita pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com apoio de médicos-veterinários habilitados (fazem exames). Goiás possui hoje quatro propriedades certificadas, em um universo de mais de 127 mil propriedades rurais goianas que criam bovinos ou bubalinos cujo rebanho total supera os 20 milhões de cabeças.

Todos os animais que saem da propriedade de origem devem ter obrigatoriamente uma Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pela Agrodefesa. Entre os itens necessários para a emissão do documento é imprescindível a apresentação do exame de sangue do animal e recente, comprovando que ele não possui doenças contagiosas. Com a certificação, solicitada voluntariamente pelo proprietário, não é necessário que a cada vez que o animal seja vendido ou exposto em feiras agropecuárias ele tenha que fazer exame de sangue. O processo de emissão reduz de quatro dias (devido ao tempo para o resultado do exame) para menos de um dia.

Fernando lembra que o investimento em bovinos começou há três anos, quando ele decidiu dar uma guinada nos negócios. Ele resolveu diversificar sua produção, que até então era destinada somente à suinocultura (porcos). Hoje ele possui 96 cabeças de gado em sua fazenda, sendo 35 lactantes, produzindo cerca de 650 litros de leite por dia. A certificação trouxe benefícios também na venda desse leite. O produtor rural é um dos fornecedores da Nestlé e descobriu que a empresa bonifica as propriedades certificadas, ou seja, ao transformar sua fazenda em livre de brucelose e tuberculose, ele começou a receber mais pelo litro de leite. (Fernando fala dos benefícios da certificação - ouça o áudio).

Ainda nas vantagens da certificação está a venda genética, que é um dos projetos de Fernando. A compra do rebanho bovino é apenas a preparação para a entrada nesse novo mercado. “Meu interesse maior é a genética. Pode dar uma renda boa. Não estou participando de leilões ainda, mas a ideia é essa. Estou me preparando para o futuro. Venda de vacas de alta produção, uma genética boa”, adianta. Ele expõe que a certificação também permite que ele entre futuramente nesse mercado, vendendo embriões e animais com qualidade 100% comprovada (ouça o áudio).

“Eu tenho certeza que estou vendendo um animal com a sanidade 100%. Agrega um pouquinho no valor, né? O leite também eu ganho mais, porque me bonificam. Hoje você tem que ser profissional em tudo que você vai fazer, senão você tem prejuízo. Hoje a margem de lucro é muito pouca, então você não pode errar muito. Você tem que ser bem profissional”, avalia o produtor.

A certificação tem três exames consecutivos. O primeiro e o segundo são feitos pelo médico-veterinário habilitado. Caso esses dois primeiros não tenham resultado positivo para brucelose e tuberculose, o terceiro exame é acompanhado pelo serviço veterinário oficial (Agrodefesa ou Ministério da Agricultura e Pecuária). Essa verificação deve ser repetida anualmente. Escute a explicação do gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa sobre esse processo de certificação e que acontece quando é encontrado o foco da doença.

Vacinação

A certificação não elimina a vacinação obrigatória em fêmeas de três a oito meses, que pode ser feita em qualquer período do ano e comprovada obrigatoriamente até 31 de maio e 31 de novembro. A estimativa é que sejam vacinadas mais de 2,1 milhões de fêmeas bovinas. A comprovação ocorre por meio de entrega do atestado de vacinação pelo produtor rural no escritório da Agrodefesa onde se localiza a propriedade rural, o qual foi emitido por um médico-veterinário cadastrado. No ano passado foram vacinadas 1,9 milhão de bezerras contra a brucelose em 106.145 propriedades.

O gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa e fiscal agropecuário, Antonio do Amaral Leal, explica que a vacinação é a principal ferramenta para proteção do rebanho contra doenças, seja ela a brucelose, raiva, febre aftosa, clostridioses ou outras enfermidades. “Em comparação com os prejuízos causados por estas doenças, a vacina é uma arma barata, acessível e eficaz”, destaca.

O fiscal alerta para a importância da vacinação durante as etapas oficiais. Elas ocorrem nos meses de maio e novembro para febre aftosa e raiva dos herbívoros, onde o índice esperado sempre é o de 100% vacinação de bovinos e bubalinos (búfalos), para que haja pelo menos 80% de imunização, garantindo assim a chamada “imunidade populacional”.

Antonio explica que a falta de vacinação, além do animal ficar susceptível, aumenta o risco de transmissão de zoonoses (doenças animais) que, são transmitidas pelo contato direto com animais contaminados e na ingestão de produtos de origem animal sem inspeção sanitária. Desta forma, diretamente este problema acaba refletindo nos gastos com saúde pública.

Outro problema gerado com a irregularidade na vacinação é a suspensão da emissão de Guias de Trânsito Animal (GTAs). “Propriedades que não se encontram adimplentes com a vacinação contra raiva, febre aftosa e brucelose nos períodos indicados pelo Serviço Veterinário Oficial – SVO, ficam impedidas de emitir documentos até que se regularizem, sendo autuadas e procedendo-se a vacinação assistida pelos servidores da Agrodefesa. Assim, o produtor inadimplente não pode comprar ou vender animais nesta situação, podendo também ser gerado um problema fiscal, visto que o sistema da Agrodefesa é diretamente ligado ao da Secretaria da Fazenda (Sefaz)”, esclarece o gerente.

A vacina só pode ser adquirida mediante a entrega de receituário emitido por um médico-veterinário cadastrado, o qual também realiza a vacinação ou possui equipe treinada para realizá-la nas propriedades sob sua assistência. Todo o procedimento desde a vacinação até o saneamento da propriedade foco é acompanhado pela Agrodefesa.

As etapas incluem a vacinação assistida em propriedades rurais, atendimento a denúncias de não vacinação, marcação da propriedade positiva no sistema online, com restrição de movimentação para abate, notificação do produtor sobre a ocorrência de animal positivo em sua propriedade, acompanhamento do embarque dos animais ao frigorífico ou sacrifício destes no local, educação sanitária para conscientização da importância da vacinação e conhecimento do público-alvo sobre a doença bem como realização de inquéritos soroepidemiológicos para verificação da prevalência da doença no Estado e aplicação de novas estratégias de atuação.

Fonte: Governo de Goiás

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