Publicado em: 09/10/2025 às 09:30hs
O sistema agroindustrial (SAG) do leite no Brasil passou por profundas transformações nos últimos 20 anos. Segundo análise de Natália Grigol, pesquisadora da Equipe Leite do Cepea, houve evolução nas normas de qualidade, ganhos de produtividade, aumento da escala de produção e maior concentração do setor, o que intensificou a competitividade na aquisição do leite cru.
Essas alterações impactaram diretamente a forma como produtores, cooperativas e indústrias organizam as negociações, evidenciando a necessidade de maior coordenação e transparência entre os agentes.
Na cadeia do leite, coordenação significa alinhar informações e estratégias entre produtores, indústrias e cooperativas. Quando esse fluxo é eficiente, os agentes conseguem tomar decisões de forma conjunta, reduzindo conflitos e aumentando a competitividade. Já falhas nesse processo tendem a fragilizar o setor, levando cada elo a agir isoladamente e elevando os riscos de perdas.
Atualmente, a informação sobre preços não é apenas um número de referência, mas uma verdadeira infraestrutura de coordenação. O Indicador de Preço do Leite ao Produtor, calculado pelo Cepea, permite aos agentes do setor mensurar oferta, demanda e desempenho, além de se preparar para cenários futuros. Essa adaptação constante garante resiliência aos negócios, mesmo diante das adversidades de mercado.
Histórico do Indicador de Leite do Cepea
A pesquisa de preços do leite realizada pelo Cepea teve início em 1986. Durante 32 anos, foi executada sem apoio institucional direto. Em 2018, recebeu suporte da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da Viva Lácteos, o que permitiu avanços em três frentes:
Para garantir qualidade e utilidade, o Indicador exige evolução contínua: ampliar a base de dados, assegurar a confiabilidade das informações e padronizar processos de coleta. Em 2025, o Cepea pretende automatizar a captação via API, assegurando periodicidade, rastreabilidade e governança dos dados sem abrir mão da confidencialidade.
Nesse contexto, surge o “Selo de Colaboração Transparente”, um mecanismo criado para incentivar comportamentos éticos e reconhecer empresas que contribuem com dados de qualidade.
O selo será concedido em três categorias – ouro, prata e bronze – e avaliará critérios como:
A primeira entrega do selo está prevista para dezembro de 2025, com base no desempenho das empresas durante o ano.
O selo traz ganhos em diferentes frentes:
Segundo o Cepea, o Indicador de Preço do Leite deve ser visto como um ativo coletivo do setor. Para funcionar, depende da corresponsabilidade entre todos os envolvidos:
Com o Selo Cepea, essa corresponsabilidade ganha um reforço institucional, blindando a qualidade das informações e garantindo que o Indicador continue refletindo de forma fiel a realidade do mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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