Publicado em: 19/08/2025 às 14:30hs
O café de Mandaguari (PR) é o primeiro do Brasil a receber a Denominação de Origem (DO) baseada em estudo microbiológico, resultado da parceria entre a GoGenetic Agro e a consultoria Viva Soluções, especializada em Indicações Geográficas e Marcas Coletivas.
Segundo Eduardo Balsanelli, diretor da GoGenetic, a pesquisa comprovou cientificamente a singularidade dos cafés da região.
“Foi a primeira vez que usamos análise de microbiota para sustentar um pedido de DO. Identificamos microrganismos exclusivos nos grãos de Mandaguari, diferentes de outras regiões do país.”
O projeto foi liderado por Ton Lugarini, fundador da Viva Soluções e presidente da Associação Brasileira de IGs. Ele destaca que a parceria com a GoGenetic possibilitou um estudo técnico rápido e acessível:
“Em menos de três meses obtivemos resultados que, com outras instituições, levariam anos. Isso tornou o pedido de DO completo e viável economicamente.”
A análise microbiológica serviu de base técnica para o pedido junto ao INPI, processo que levou cerca de um ano e meio até o reconhecimento oficial, mas cuja parte laboratorial foi concluída em apenas 40 dias.
O uso de Indicações Geográficas (IGs) cresce mundialmente. Dados da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) indicam mais de 10 mil registros globalmente, com destaque para produtos europeus como Champagne (França) e Parmigiano Reggiano (Itália).
Estudos da Comissão Europeia mostram que produtos com IG têm, em média, 2,23 vezes mais valor do que produtos genéricos. No Brasil, segundo o INPI, existem 139 IGs, sendo 31 Denominações de Origem. O Sebrae reforça que o selo de origem oferece valorização, acesso a exportação e destaque junto a consumidores que buscam autenticidade e rastreabilidade.
Projetos como o Queijo Canastra (MG), reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco, e a Denominação de Origem Vinho do Vale dos Vinhedos (RS), que triplicou sua produção após o selo, mostram o potencial das IGs.
Ton Lugarini destaca a importância da narrativa territorial:
“Quando se une ciência, tradição e identidade, o consumidor compra mais que um produto — ele adquire uma experiência. O café de Mandaguari carrega essa força.”
Com a DO, produtores locais poderão investir em marketing territorial, turismo rural e branding, criando novo ciclo de valor para a região. Segundo Balsanelli:
“Além do sabor adocicado e notas florais, o diferencial do café de Mandaguari é a história de resiliência dos produtores. É essa narrativa que deve sustentar o posicionamento do produto.”
Ele acrescenta que o impacto vai além do reconhecimento oficial:
“A Denominação de Origem é o início de um movimento que une qualidade, identidade e propósito. O Brasil tem enorme potencial para transformar produtos locais em símbolos de excelência global.”
Fonte: Portal do Agronegócio
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