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Solo saudável é o ponto de partida para uma pecuária sustentável, destacam especialistas em evento nacional

Sustentabilidade na pecuária: o papel do solo na transformação do setor


Publicado em: 21/11/2025 às 12:30hs

Solo saudável é o ponto de partida para uma pecuária sustentável, destacam especialistas em evento nacional

A adoção de práticas sustentáveis tem ganhado força entre os pecuaristas brasileiros, impulsionada pelas novas exigências do mercado internacional e pela necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Segundo especialistas, o primeiro passo para uma pecuária mais produtiva e ambientalmente responsável começa debaixo dos pés: no cuidado com o solo.

O tema foi destaque do evento online “Diálogo Inclusivo – Sustentabilidade na Pecuária: como produzir mais e melhor frente às novas exigências do mercado internacional”, promovido no dia 6 de novembro pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e a Fundação Solidaridad.

Solo fértil e manejo adequado: bases da eficiência produtiva

De acordo com Patrícia Perondi Anchão Oliveira, supervisora pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, o manejo correto do solo é o primeiro passo para transformar a produtividade das fazendas.

“Se você quer mudar, comece pelo seu solo. Procure técnicos que possam te ajudar a dar um passo de cada vez, começando pela sua melhor área — aquela que trará o maior retorno”, orientou.

Ela explica que solos bem manejados resultam em pastagens mais nutritivas, o que reflete diretamente na dieta e no desempenho dos animais, especialmente nos sistemas extensivos, baseados em pasto.

“Melhorar o solo muda inclusive a qualidade da carcaça e o rendimento da carne”, afirmou.

Pesquisas da Embrapa mostram que a recuperação de pastagens pode dobrar o ganho de peso do gado, reduzir as emissões de gases e aumentar o sequestro de carbono nas propriedades.

Boas práticas e desafios na adoção de novas tecnologias

O produtor rural Wander Bastos, gestor da Pecuária WFB, reforçou que a transição para práticas mais sustentáveis ainda enfrenta resistência. “Toda mudança requer investimento e alteração cultural”, destacou.

Para ele, programas de incentivo e capacitação podem ajudar a acelerar essa transformação. “A virada de chave está na conservação do solo. Um pasto degradado não armazena água nem neutraliza carbono; o pasto bem manejado faz exatamente o contrário”, explicou.

Entre as práticas recomendadas estão calagem, adubação química e orgânica, fertirrigação e manejo zootécnico de precisão, com controle de indicadores como peso, idade à puberdade e intervalo entre partos.

Sustentabilidade além do pasto: ações ambientais integradas

A recuperação do solo deve vir acompanhada de ações ambientais complementares, como a proteção de nascentes, preservação de matas ciliares, manutenção de reservas legais e tratamento adequado de dejetos.

Patrícia destacou ainda que os pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste vêm trabalhando há mais de uma década em soluções que aliam produtividade à mitigação dos impactos climáticos.

“Temos obtido bons resultados com o uso de leguminosas, como feijão guandu e amendoim forrageiro, e com sistemas integrados de produção — seja lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta”, explicou.

Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável propõe união de esforços

A gerente executiva da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, Michelle Borges, destacou que o espaço tem o propósito de promover o diálogo entre produtores, entidades e empresas para ampliar o alcance das boas práticas no setor.

“Precisamos pensar na pecuária como uma cadeia. O desafio é dar escala a essas ações e colocar o Brasil como protagonista, fazendo da pecuária sustentável uma aliada do clima e da segurança alimentar”, afirmou.

O evento completo está disponível no canal do YouTube da entidade: 

Assista aqui.

Fonte: Portal do Agronegócio

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