Capacitação

Ensino técnico profissionalizante aposta nos cursos de curta duração

No Brasil, os setores industrial, de comércio, de serviços e de agronegócios enfrentam sérios problemas de falta de mão de obra qualificada


Publicado em: 21/11/2013 às 13:50hs

Ensino técnico profissionalizante aposta nos cursos de curta duração

No entanto, a maioria das vagas de emprego abertas exige bagagens de conhecimento que podem ser adquiridas rapidamente e sem custos para os estudantes.

Nos últimos anos, a oferta de cursos profissionais tem aumentado no País. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) do governo federal, instituído em 2011, está adicionando vagas gratuitas tanto nos cursos de formação inicial e continuada quanto no ensino técnico de nível médio. "Se antes havia reclamações sobre a falta de disponibilidade, hoje, esse não é o problema", enfatiza Márcio Guerra, gerente de Estudos e Prospectiva do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Atualmente, o grande desafio é atrair os jovens. De acordo com especialistas, é preciso quebrar o paradigma do modelo educacional brasileiro ainda muito focado em levar os alunos às universidades, o que causa distorções. Dos 24 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos, menos de 15% chegam às universidades, segundo o Censo de Educação Superior do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep). Isso significa que apenas 3,4 milhões partem para a graduação e 20 milhões precisam buscar outros caminhos.

O problema maior é que 8,7 milhões de jovens não trabalham nem estudam. No País, a taxa de desemprego entre os jovens supera 12%, muito maior do que a média do mercado (5,4%). "Buscamos atrair esses jovens ao ensino profissional. Eles são a chave para esse processo e, hoje, correm o risco de caírem na criminalidade ou se perderem", ressalta Guerra.

"É preciso que os jovens percebam o leque de oportunidades e empregabilidade que os cursos técnicos proporcionam no País", acrescenta Anna Beatriz Waehneldt, diretora de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Nacional).

Caminho curto ao emprego

No setor industrial, a maior demanda é por profissionais que tenham passado por cursos de qualificação de 160 a 400 horas. A maioria dos cursos oferecidos pelo Senai tem curta duração. Apenas 15% são cursos técnicos com um ano e meio de duração ou cerca de 600 horas. "A educação profissional é o caminho mais curto para ingressar no mercado de trabalho. Possibilita a entrada, a obtenção de renda, para que futuramente, se pense em uma trajetória de formação que caminhe ao ensino superior", comenta Guerra. Segundo ele, o salário médio de um técnico na indústria é de R$ 2,7 mil, acima da média de R$ 2,1 mil dos setores não industriais.

O número de vagas do Senai avança em ritmo acelerado. Passaram de 2 milhões em 2011 para 3,5 milhões este ano. A maioria delas é gratuita. O Senai é responsável por 50% das matrículas no Pronatec. A meta da entidade para 2014 é chegar a 4 milhões de vagas.

No Senac, do universo de 2,2 milhões de vagas este ano, quase 70% são dos cursos de formação inicial e continuada (curta duração). Para os cursos técnicos de nível médio, foram oferecidas 216 mil vagas. O restante é relativo ao ensino superior e aos cursos de aprendizagem voltado aos alunos com contrato de trabalho especial fazendo curso no Senac.

Do total de cursos de formação inicial continuada e cursos técnicos de nível médio, 50% são de vagas dentro do Programa Senac de Gratuidade (PSG) e do Pronatec. Em 2013,550 mil vagas foram pactuadas para atendimento ao Pronatec. Para o próximo ano, serão 800 mil. Segundo a diretora de Educação Profissional do Senac, com o advento do Pronatec, o quadro de estudantes é bastante heterogêneo. "Mas notamos que 40% das matrículas está na faixa de 18 a 24 anos, com predominância de mulheres", comenta.

Segundo Anna Beatriz, os setores de comércio, serviços e turismo vão precisar cada vez mais de mão de obra qualificada impulsionados pelos grandes eventos esportivos no Brasil em 2014 e 2016.

No campo. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) também se concentra nos cursos de curta duração. O objetivo é capacitar em 40 a 80 horas, ou seja, com rapidez, grande contingente para o mercado de trabalho. A maior demanda é nas áreas de Operação e Manutenção de Máquinas Agrícolas, Ordenha Higiênica de Leite e Inseminação de Animais na Pecuária. "Essa demanda vai permanecer nessas áreas por muito tempo. As pessoas que fazem o curso de ordenha higiênica, por exemplo, têm alta empregabilidade". O SENAR oferece 170 modalidades totalmente gratuitas e forma um milhão de pessoas por ano.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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