“A partir do curso, temos tido muito trabalho. As peças confeccionadas têm feito sucesso e as encomendas crescem a cada dia”, revela Maria Aparecida Barbosa Bento, que participou do segundo curso (Objetos Utilitários e Decorativos), realizado no mês de agosto.

As vendas têm sido realizadas não só no município, mas também em cidades da região. Para dar conta de cumprir todas as entregas, os participantes dos cursos, cerca de dez pessoas, se uniram e formaram um grupo, que trabalha três vezes por semana. “Recentemente, o grupo recebeu a proposta para produzir para uma loja localizada no bairro Salvaterra, em uma das entradas de Juiz de Fora”, conta a mobilizadora do Sindicato dos Produtores Rurais de Belmiro Braga, Lorène Monique Lairé.

A demanda crescente fez com que os artesãos solicitassem à Prefeitura de Belmiro Braga a cessão de um espaço desativado em uma escola do município. “Com a resposta positiva por parte do poder municipal, o local foi transformado em oficina. Para lá são levados os bambus colhidos em Sobragi, distrito do Belmiro Braga, onde são tratados e transformados em móveis”, acresenta Lorène. Durante os cursos, os participantes receberam informações sobre a escolha do material, corte, preparação, tratamento da peça, confecção de móveis, além de dicas sobre comercialização e segurança.

Da cestaria à produção de móveis

Atualmente, assim como Maria Aparecida, toda a família está ligada à produção de peças a partir de bambus. “Meu pai sempre trabalhou com cestaria, produzindo cestos e balaios, mas nunca aprendi a técnica. Com os cursos do SENAR, não só eu, mas meu filho e meu esposo também passaram a produzir.”

Entre as peças produzidas pela família e pelos demais integrantes do grupo estão desde miudezas, como xícaras e canecas, até peças maiores, como mesas, estantes e cadeiras. Segundo Maria Aparecida, os preços variam de R$ 15 a R$ 180. “Nosso ganho tem sido grande porque estamos contando com a doação dos bambus.”

Renda extra sem impactos

A artesã conta que para as mulheres sempre foi difícil encontrar trabalho no meio rural. “Com a formação, as mulheres passaram a vislumbrar outra realidade. Temos novos compromissos e a renda familiar aumentou. Hoje, eu divido meu tempo entre ser dona de casa e ser artesã.” A jornada dupla tem sido abraçada também pelo marido de Maria Aparecida, que é trabalhador rural, mas auxilia, no período da tarde, nas amarrações para produção das peças.

Para a mobilizadora Lorène, as mudanças provocadas pelos cursos revelam a importância de não haver impactos sociais ou ambientais. “O curso proporcionou nova profissão a alguns e uma nova oportunidade até mesmo para aqueles que já trabalhavam em outras atividades. Tudo isso com matéria-prima encontrada aqui na região. E o melhor, as pessoas podem trabalhar perto de casa.”