Publicado em: 23/01/2012 às 15:30hs
Simulando alguns cenários é possível chegar a um custo produtivo de US$ 377,4/t, considerando o real valorizado (R$ 1,563/US$ 1). Já com a moeda brasileira desvalorizada (R$ 1,782/US$ 1) o custo de produção da fibra de eucalipto cai para US$ 330,9/t, segundo dados de 2011 do Cornerstone da RISI.
É provável que o real fique mais desvalorizado este ano em relação a 2010. "A principal razão disso é que a economia brasileira deverá crescer a um ritmo menos acelerado em 2012, enquanto a norte-americana será mais forte. Revisamos o crescimento brasileiro de 4,1% para 3,6% este ano, ao passo que o dos Estados Unidos foi na direção aposta, com previsões de crescimento revisadas de 2% para 2,5% em 2012", afirmou o economista sênior de macroeconomia da RISI, David Katsnelson.
Por causa do desempenho econômico mais tímido do país, o Banco Central do Brasil já diminuiu as taxas de juros em 1,5% e indica que deverá baixá-las em mais 0,5%. "Com a menor taxa de juros entre Brasil e Estados Unidos, haverá mais pressão cambial sobre o real. A incerta situação econômico-financeira da Europa deixa os juros em níveis globais altos, beneficiando a situação dos Estados Unidos. No geral, esperamos um taxa cambial média de Real 1,82/US$ 1 em 2012. Parece que o Banco Central do Brasil, bastante descontente com a moeda local valorizada, está de acordo com os atuais níveis cambiais, já que estão vendendo alguns dólares a essa taxa", avaliou Katsnelson.
Na semana passada, o Fitch Ratings reportou que a crise da dívida soberana em curso apresenta graves riscos para a indústria de celulose na América Latina, uma vez que a Europa continua sendo um mercado-chave de vendas e a demanda por papel está fraca devido a tendências seculares e preocupações econômicas. "Essas tendências já resultaram em fechamentos de fábricas integradas de produtores europeus, que exportam à Ásia", afirmou a agência.
Como é impossível prever ou controlar o câmbio, o desafio dos produtores concentra-se na redução dos principais custos produtivos da fibra de eucalipto que, em geral, estão divididos em madeira (55%); químicos (20%), energia (8%), funcionários (7%) e outros itens (10%). "Os custos com madeira têm crescido substancialmente e representam 2/3 dos custos variáveis com celulose que dispomos. Certamente, é o principal componente da cesta que dos custos produtivos", afirmou o presidente da Cenibra, Paulo Eduardo Rocha Brant. De acordo com o executivo, o único modo de mitigar os riscos cambiais é elevar a produtividade.
"Nos últimos dez anos, o impacto dos custos laborais no preço da celulose aumentou de 21% para 60%. Essa é a realidade brasileira e temos de lidar com ela", opinou Brant.
Depois de consecutivas quedas de preço ao longo do segundo semestre de 2011, a celulose de eucalipto deverá apresentar recuperação este ano. "Claro que isso dependerá da Europa, mas há espaço para ajustes de preço, já que nenhuma nova capacidade será adicionada em 2012 e o mercado mundial continuará com um crescimento orgânico", concluiu Brant.
Fernanda Belchior, Editora de Notícias Sênior, PPI América Latina, fbelchior@risi.com.
Fonte: RISI - PPI América Latina
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