Publicado em: 12/09/2025 às 10:10hs
O valor de produção das principais culturas agrícolas brasileiras atingiu R$ 783,2 bilhões em 2024, queda de 3,9% em relação a 2023. Este é o segundo ano consecutivo de retração, segundo dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE.
A safra de grãos foi de 292,5 milhões de toneladas, recuo de 7,5% frente ao ano anterior, o que resultou em queda de 17,9% no valor de produção do grupo, totalizando R$ 431,2 bilhões.
De acordo com o IBGE, o fenômeno El Niño foi determinante para a quebra de safra em várias regiões, com estiagens prolongadas no Centro-Norte, Sudeste e parte do Paraná, além do excesso de chuvas no Rio Grande do Sul. As culturas mais afetadas foram a soja e o milho, que respondem por quase 89% da produção de grãos no país.
Segundo o supervisor da pesquisa, Winicius Wagner, a combinação de clima desfavorável e queda nas cotações das commodities agrícolas explica a retração. “O El Niño comprometeu as lavouras de verão. Soja e milho, em particular, tiveram redução de produção e queda nos preços, o que afetou diretamente o valor gerado pela agricultura”, afirma.
Apesar da queda no valor de produção, a área plantada nacional manteve crescimento. Em 2024, foram 97,3 milhões de hectares cultivados, aumento de 1,2% em relação ao ano anterior. A soja liderou a expansão, com mais 1,8 milhão de hectares, seguida pelo algodão, que avançou 280,8 mil hectares. Já o milho teve retração de 4,9% na área cultivada.
A área colhida também cresceu, somando 96,5 milhões de hectares, alta de 0,8% frente a 2023.
A soja segue como a principal cultura agrícola do país, mesmo com forte retração. Em 2024, o grão somou 144,5 milhões de toneladas, queda de 5,0% na produção, 8,1% no rendimento médio e 25,4% no valor de produção, que alcançou R$ 63,8 bilhões.
O Mato Grosso continua sendo o maior produtor, com 38,4 milhões de toneladas, mas sofreu queda de 35,5% no valor gerado. No comércio internacional, as exportações de soja caíram 3,0%, somando 98,8 milhões de toneladas, com redução de 19,3% nas receitas. A China segue como principal destino, com 73% da soja embarcada.
O milho também enfrentou retração em 2024, com produção de 115 milhões de toneladas, queda de 12,9% frente ao ano anterior. O valor de produção caiu 13,5%, totalizando R$ 88,1 bilhões.
A menor área plantada, redução de 8,2% no rendimento médio e preços pressionados por estoques elevados foram os principais fatores da queda. O Paraná foi um dos estados mais prejudicados pelo clima, enquanto o Mato Grosso se manteve líder, respondendo por 41,2% da produção nacional.
Apesar da queda de 2,9% na produção, a cana-de-açúcar alcançou 759,7 milhões de toneladas em 2024. O valor de produção subiu 3,0%, chegando a R$ 105 bilhões, impulsionado pela alta nos preços do etanol.
São Paulo respondeu por mais da metade do valor nacional (53,6%), seguido por Minas Gerais. Goiás e Mato Grosso do Sul também se destacaram, com crescimento na área plantada.
O café foi um dos principais destaques positivos de 2024. A produção nacional foi de 3,4 milhões de toneladas, alta de 1,2%, mas o valor de produção cresceu expressivos 58,1%, totalizando R$ 69,2 bilhões.
O café arábica respondeu por 70,7% do total, com Minas Gerais à frente, mesmo com queda na produção. Já São Paulo e Espírito Santo registraram expansão. O café canephora também cresceu e gerou R$ 18,2 bilhões, alta de 70,9%.
Segundo a Secex, as exportações brasileiras de café aumentaram 30,8%, totalizando 2,8 milhões de toneladas, com receita 55% superior à de 2023.
O algodão registrou safra recorde pelo segundo ano consecutivo, com 8,5 milhões de toneladas produzidas (+13,7%). O valor de produção cresceu 5,6%, alcançando R$ 31,3 bilhões.
Mato Grosso concentrou 73,5% da produção nacional, seguido pela Bahia. O município de Sapezal (MT) se destacou como principal produtor do país. No mercado externo, o Brasil superou os Estados Unidos e assumiu a liderança mundial nas exportações de algodão.
O arroz teve recuperação em 2024, com expansão de 8,9% na área cultivada e aumento de 3,8% na produção, que somou 10,7 milhões de toneladas. O valor de produção avançou 25,7%, chegando a R$ 22,3 bilhões.
O Rio Grande do Sul respondeu por 66,8% da produção nacional, seguido por Santa Catarina.
A fruticultura gerou R$ 91,5 bilhões em 2024, crescimento de 21% frente a 2023. A laranja foi a fruta com maior valor de produção, alcançando R$ 28,5 bilhões (+42,4%), seguida pela banana (R$ 16,1 bilhões) e pela uva (R$ 8,3 bilhões).
São Paulo foi o principal estado produtor, com destaque para laranja e uva, enquanto Minas Gerais liderou no valor gerado com a banana.
Entre os estados, Mato Grosso manteve a liderança no valor da produção agrícola, com R$ 120,8 bilhões, mas registrou queda de 21,3%, reduzindo sua participação nacional para 15,4%.
Na sequência aparecem São Paulo (+4,9%), Minas Gerais (+6,9%), Rio Grande do Sul (+21,1%) e Paraná (-20,3%).
Pelo sexto ano consecutivo, Sorriso (MT) foi o município com maior valor de produção agrícola, respondendo por 0,9% do total nacional. O destaque ficou para soja, milho, algodão e feijão.
Outros municípios em evidência foram São Desidério (BA) e Sapezal (MT). Os dez maiores produtores municipais concentraram 6,7% do valor da produção nacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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