Publicado em: 23/10/2013 às 11:40hs
Mesmo com janelas de preços melhores entre agosto e setembro, as travas no mercado futuro seguem em ritmo abaixo do observado nos últimos cinco anos. E talvez os bons momentos dos últimos dois meses possam ter ficado para trás já que conforme a primeira estimativa da safra 2013/14 divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estoque inicial brasileiro para deve ser de 1.839,3 toneladas de soja, volume 4,14 vezes maior que o registrado na safra anterior.
E a regulagem do mercado é simples: quanto maior a oferta, menor o preço e neste cenário restam a comercializar, no Estado, mais de 58% de uma safra com estimativas recordes neste ciclo e mais um residual de 400 mil toneladas da safra 2012/13. Em agosto, por exemplo, a média de preços futuros no Estado foi de R$ 49,64, a maior cotação desde abril.
Conforme o Boletim Semanal da Soja, publicado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o cenário local se resume a “freio nas venda e pé nos tratores”. Como destacam os analistas responsáveis pelo Boletim, a comercialização de soja no mês de setembro não avançou muito, mesmo com preços atrativos. A negociação da safra 2012/13 chegou a pouco mais de 98%, faltando ainda cerca de 400 mil toneladas para serem comercializadas no Estado, volume que estava praticamente liquidado em agosto do ano passado. As vendas antecipadas ou futuras da safra 2013/14 teve uma evolução de apenas 3 pontos percentuais (p.p.), chegando a 41,4% das 25,7 milhões de toneladas que devem ser colhidas, dando um total de 10,6 milhões de toneladas já comprometidas, restando apenas a entrega a partir de março de 2014.
“A comercialização desta safra está um pouco abaixo da média dos últimos cinco anos, e bem abaixo da safra anterior, quando mais de 63% já haviam sido comprometidos. Mesmo com a média dos preços futuros acima de R$ 50/saca durante boa parte do mês, os produtores não comercializaram à espera de preços ainda melhores. Porém não foi o que aconteceu, visto que após a segunda quinzena do mês o preço da soja na Bolsa de Chicago teve queda que, associada à desvalorização do dólar, fez os preços médios futuros de Mato Grosso ficarem em alguns dias abaixo dos R$ 46/saca, que é justamente o custo médio por hectare no Estado, ou ponto de equilíbrio, quando considerada uma produção média de 51 sacas por hectare”.
Para quem deixou a oportunidade passar, os analistas recomendam mais atenção ao mercado internacional, especialmente foco na colheita norte-americana, por meios dos relatórios mensais publicados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, sigla em inglês). “Os produtores devem ficar atentos aos novos relatórios de evolução da colheita, oferta e demanda e exportações, uma vez que pode ocorrer grande volatilidade nos preços após esses números novos e assim não perderem oportunidades nas quais os preços atinjam patamares acima do seu ponto de equilíbrio”. Na edição do último domingo, o Diário abordou o assunto ponto de equilíbrio.
Preço atual - Semana passada foi de baixa para os preços da saca de soja no mercado interno futuro mato-grossense, com relatos de poucas negociações devido aos baixos preços e também à atenção dos produtores voltada à semeadura. Mesmo com a cotação da commodity apresentando variação semanal positiva na Bolsa de Chicago (CME/Cbot), de 1,5%, e com a estabilidade do dólar, os preços internos não refletiram o comportamento que normalmente seria observado.
Nos municípios de Primavera do Leste e Campo Verde, a cotação da saca da soja encerrou a semana a R$ 44,50 para ambos, chegando a R$ 46 em Primavera do Leste na terça-feira, maior cotação da semana. Em Canarana, município que apresentou redução de 1,8% no comparativo de fechamento das semanas, o preço levantado na sexta-feira foi de R$ 44,20/saca.
Preocupação – Como chamam à atenção os analistas do Imea, a Conab projeta um estoque inicial brasileiro, para a safra 13/14, de 1.839,3 toneladas de soja, volume 4,14 vezes maior que o registrado na safra anterior. Apesar do total demandado para consumo interno e pelas exportações terem aumentado 16%, a elevação da produção brasileira foi ainda maior, de 23% no comparativo entre a safra 11/12 e 12/13. Há ainda a expectativa de aumento de 7% na produção nacional da oleaginosa para a safra 13/14, estimada em 87,31 milhões de toneladas pela Conab, que, aliada ao maior volume de estoque de passagem, pode fazer com que os preços elevados que foram observados nesta entressafra não se repitam em 2014.
Fonte: Diário de Cuiabá
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