Análise de Mercado

Tarifas dos EUA derrubam exportações do agro brasileiro em mais de 30% e impõem prejuízo bilionário aos municípios

Exportações do agro para os EUA recuam 31,3% e reduzem receita municipal


Publicado em: 17/11/2025 às 10:40hs

Tarifas dos EUA derrubam exportações do agro brasileiro em mais de 30% e impõem prejuízo bilionário aos municípios

As exportações brasileiras do agronegócio para os Estados Unidos registraram forte retração entre agosto e outubro deste ano. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), a queda foi de 31,3% frente ao mesmo período de 2024, o que representa US$ 973,1 milhões a menos na economia dos municípios exportadores.

O recuo está diretamente relacionado ao período de aplicação das sobretaxas impostas pelos EUA a diversos produtos brasileiros.

Setores mais atingidos pelo tarifaço norte-americano

Cana-de-açúcar praticamente sai do mercado dos EUA

Entre os segmentos mais impactados está a cadeia da cana-de-açúcar. As exportações de açúcar de cana em bruto praticamente cessaram no trimestre, reduzindo em 231 mil toneladas os embarques brasileiros e provocando uma perda estimada em US$ 111,3 milhões.

Carne bovina in natura registra maior prejuízo

A carne bovina in natura tornou-se o setor mais penalizado pelo tarifaço. Apenas em outubro, as perdas se intensificaram, totalizando US$ 169,6 milhões a menos que no mesmo período do ano passado.

Setor florestal acumula retração expressiva

A produção florestal também sentiu o impacto das tarifas.

As exportações de celulose para os EUA diminuíram US$ 68 milhões em outubro, acumulando US$ 137 milhões de perdas.

Já a venda de papel caiu US$ 36,7 milhões.

Café verde também sofre cortes

Os embarques de café verde tiveram recuo equivalente a US$ 71 milhões, pressionando estados e municípios produtores.

Municípios mais afetados pela perda de receita

A CNM destaca que municípios com forte dependência das exportações agropecuárias foram severamente afetados. Entre os maiores impactos estão:

  • Imperatriz (MA): –US$ 50 milhões
  • Santa Cruz do Sul (RS): –US$ 44 milhões
  • Três Lagoas (MS): –US$ 42 milhões
  • Campo Grande (MS): –US$ 36 milhões
  • Ituiutaba (MG): –US$ 34 milhões

Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a preocupação dos gestores municipais está centrada na queda da arrecadação e nos possíveis efeitos sobre empregos. Ele afirma que os municípios têm buscado apoiar produtores na abertura de novos mercados.

Rio Grande do Sul é exceção por causa da celulose

Estado registra alta atípica em outubro

O Rio Grande do Sul fugiu da tendência nacional devido ao início dos embarques de celulose para os EUA.

Em outubro, as exportações agropecuárias gaúchas para o país cresceram:

  • 158% em volume, atingindo 72,2 mil toneladas
  • 17% em valor, chegando a US$ 41,9 milhões

Os dados são da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).

Como o estado não exportou celulose em outubro de 2024, os atuais US$ 9 milhões e 27,6 mil toneladas tiveram influência decisiva no resultado geral. Sem esse item, os embarques teriam despencado em diversos segmentos.

Quedas expressivas em produtos tradicionais

Mesmo com o desempenho positivo da celulose, outros produtos do RS sofreram fortes retrações:

  • Carne bovina in natura: –100%
  • Couros e peles crust: –95% em valor e –94% em volume
  • Couros preparados: –41% em valor e –29% em volume
  • Fumo e derivados: –20% em valor
  • Pescados: –55% em valor e –52% em volume
  • Madeira serrada: –36% em valor e –22% em volume
Queda acumulada no trimestre

Considerando o período de agosto a outubro — quando vigoraram as sobretaxas — as exportações do Rio Grande do Sul para os EUA caíram:

  • 32,4% em valor, para US$ 124,9 milhões
  • 17,6% em volume, totalizando 96,2 mil toneladas
Impactos e perspectivas

A combinação de tarifas elevadas e perda de competitividade gerou prejuízos significativos para o agronegócio brasileiro e para a arrecadação municipal. A CNM reforça a necessidade de apoio aos produtores e a abertura de novos mercados como estratégia emergencial para reduzir a dependência do mercado norte-americano.

Fonte: Portal do Agronegócio

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