Análise de Mercado

Tarifas americanas impactam exportações de tabaco e pautam reunião na Expointer

Safra 2024/25 apresenta crescimento em produção e rentabilidade


Publicado em: 04/09/2025 às 11:55hs

Tarifas americanas impactam exportações de tabaco e pautam reunião na Expointer

A 77ª Reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, realizada nesta quarta-feira (3) na Expointer, em Esteio (RS), reuniu representantes do setor, lideranças políticas e imprensa para debater a situação do tabaco brasileiro. O encontro abordou o desempenho da safra 2024/25, os impactos das tarifas dos EUA e os preparativos para a COP 11, marcada para novembro na Suíça.

Marcílio Drescher, presidente da Afubra, destacou o crescimento do setor: o número de municípios produtores aumentou, assim como o total de produtores, a produção e a rentabilidade em comparação com a safra anterior. Dos 1.191 municípios da Região Sul, 525 cultivaram tabaco na temporada 2024/25: 206 no Rio Grande do Sul, 188 em Santa Catarina e 131 no Paraná.

A produção total alcançou 720 mil toneladas, gerando cerca de R$ 14,58 bilhões aos produtores integrados. De acordo com a Afubra, o setor de tabaco representou 59% da renda total de R$ 24,7 bilhões em produtos agropecuários, enquanto a diversificação — incluindo agricultura e pecuária — respondeu pelos 41% restantes.

Exportações brasileiras sob efeito de tarifas dos EUA

Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco, apresentou dados das exportações, que historicamente se mantêm estáveis em cerca de 500 mil toneladas anuais. Entre janeiro e julho de 2025, o país exportou 268,8 mil toneladas de tabaco, gerando US$ 1,74 bilhão — alta de 18% em volume e 20,8% em receita em relação ao mesmo período de 2024, segundo o ComexStat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Thesing ressaltou que a antecipação de embarques para os EUA ocorreu devido à entrada em vigor das tarifas em agosto. Antes, a taxa de exportação era de 5,7%; atualmente, chega a 55,7% com a adição do novo imposto de 50%. Como resultado, embarques foram suspensos e 16 milhões de quilos de tabaco processado permanecem parados.

Setor busca soluções diplomáticas e medidas do governo são insuficientes

O presidente do SindiTabaco avaliou que as medidas anunciadas pelo governo federal não solucionam o problema do setor. “Para um setor que remunera R$ 14 bilhões aos produtores, emprega mais de 44 mil pessoas nas indústrias e recolhe R$ 17 bilhões em impostos, os R$ 100 milhões oferecidos não resolvem”, afirmou.

Thesing alertou para o risco sobre a variedade Burley, que tem como principal mercado os EUA. Com a safra 2025/26 já contratada, outros 40 milhões de quilos se somarão ao estoque atual, pressionando os preços caso não haja solução diplomática até lá.

COP 11: avanços e preparativos internacionais

Outro tema central do encontro foi a 11ª Conferência das Partes (COP 11) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), que ocorrerá de 17 a 22 de novembro em Genebra, na Suíça. Representantes do setor discutiram as movimentações recentes e estratégias de participação do Brasil no evento.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias