Publicado em: 06/05/2025 às 18:40hs
De acordo com levantamento da Equus Capital, o ritmo lento reflete os desafios enfrentados pelas empresas diante de um ambiente regulatório instável e elevado nível de exigências para novos entrantes. Embora 2025 tenha começado com perspectivas mais positivas, impulsionado pela aprovação da Lei do Combustível do Futuro, a possível revisão da norma pelo governo gera apreensão e incertezas quanto à manutenção desse impulso.
O setor contabiliza atualmente 823 empresas ativas, mas apenas 28 novas aberturas líquidas foram registradas em 2024 — resultado considerado baixo para o potencial do mercado. Entre as novas empresas, foram identificadas 2 microempresas, 8 pequenas e 18 médias e grandes. Para especialistas da Equus Capital, o avanço limitado se deve principalmente à incerteza regulatória, que inibe investimentos e dificulta a consolidação de novos negócios.
“O ambiente macroeconômico e regulatório ainda gera cautela entre investidores”, afirma Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.
No universo das microempresas, o subsetor de Fabricação de Álcool não apresentou qualquer abertura líquida em 2024, mantendo-se com 85 estabelecimentos ativos. A estagnação, segundo os analistas, está ligada às exigências regulatórias elevadas, altos custos de implantação e à concentração do mercado nas mãos de grandes usinas.
Por outro lado, o subsetor de Fabricação de Biocombustíveis — que inclui biodiesel e biogás — apresentou um desempenho mais favorável, com crescimento de 7,1% e a entrada de duas novas microempresas, impulsionado pela crescente demanda por fontes renováveis de energia.
O estudo da Equus Capital aponta que o subsetor de Fabricação de Álcool entre as pequenas empresas foi o que mais cresceu proporcionalmente, com 8 novas aberturas em 2024 — um avanço de 25%, totalizando 40 estabelecimentos ativos.
“Esse subsetor demonstra um ambiente mais acessível para pequenas empresas quando comparado às microempresas”, analisa Vasconcellos.
Em contrapartida, o subsetor de Fabricação de Biocombustíveis permaneceu estagnado entre as pequenas empresas, mantendo apenas 7 negócios ativos, sem novas aberturas líquidas ao longo do ano.
No segmento de médias e grandes empresas, que lidera a produção em escala e movimenta os maiores volumes do setor, o avanço também foi modesto. A Fabricação de Álcool registrou 8 novas empresas, alcançando 518 estabelecimentos ativos — um crescimento de apenas 1,6%.
Já a Fabricação de Biocombustíveis teve um desempenho relativamente melhor, com 10 novas empresas e crescimento de 7,5%, totalizando 143 empresas em operação. Esse avanço foi estimulado principalmente pela Lei do Combustível do Futuro, que prevê a elevação gradual da mistura de biodiesel ao diesel, incentivando investimentos na diversificação energética.
A entrada em vigor da Lei do Combustível do Futuro no início de 2025 despertou otimismo entre os agentes do setor. No entanto, com a possibilidade de sua substituição sendo discutida pelo governo federal, paira a incerteza sobre o fôlego da retomada.
“Ainda que o setor esteja em expansão, o ritmo de crescimento é um reflexo dos desafios estruturais enfrentados pelas empresas. Precisamos de um ambiente mais favorável para novos empreendedores, além de incentivos para inovação e produção em larga escala”, conclui Felipe Vasconcellos.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias