Análise de Mercado

Sementes falsificadas ameaçam produtividade e geram prejuízos bilionários no agronegócio brasileiro

Segundo o Seed Congress of the Americas 2026, 11% da soja cultivada no país utiliza sementes não certificadas, resultando em perdas que podem chegar a R$ 10 bilhões por ano


Publicado em: 17/11/2025 às 11:45hs

Sementes falsificadas ameaçam produtividade e geram prejuízos bilionários no agronegócio brasileiro

A falsificação de sementes segue sendo um desafio crítico para o agronegócio nacional, impactando a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. Estimativas apresentadas no Seed Congress of the Americas 2026 indicam que 11% da área de soja do país é cultivada com sementes não registradas ou não certificadas, o que pode gerar prejuízos de até R$ 10 bilhões por ano.

Embora a soja seja a cultura mais afetada, o problema se estende a outras lavouras, como forrageiras, algodão, arroz e feijão.

Sementes piratas comprometem qualidade e aumentam riscos no campo

Segundo a Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS), o uso de sementes ilegais reduz a produtividade, dissemina pragas e doenças e compromete a eficiência das lavouras.

A diretora-executiva da entidade, Andreia Bernabé, reforça que a semente é o ponto de partida de toda produção agrícola:

“A semente legal garante origem, qualidade, pureza genética e resultados previsíveis no campo. Já a semente ilegal traz riscos de baixa produtividade, contaminações e prejuízos irreversíveis. Investir em semente certificada não é gasto: é segurança, rentabilidade e respeito ao futuro da agricultura brasileira.”

Apesar de avanços na conscientização, Andreia alerta que a pirataria ainda preocupa e reforça a importância de fortalecer o mercado formal e valorizar a produção correta, garantindo pesquisa e desenvolvimento sustentável de novas cultivares.

Casos de pirataria entre forrageiras: o exemplo da braquiária Mavuno

Entre as forrageiras, o cultivar Mavuno, uma braquiária híbrida da Wolf Sementes, tem sido alvo de falsificação. Conhecida por sua tolerância à seca e adaptação a climas quentes, a semente falsificada é muitas vezes substituída por Brachiaria ruziziensis, de qualidade inferior, e vendida a preços baixos.

O material pirata apresenta baixa pureza, vigor reduzido, contaminação por ervas daninhas e pragas, e é comercializado fora das normas do MAPA. Já o Mavuno original possui:

  • Alta pureza e vigor;
  • Opção de tratamento com fungicida e inseticida;
  • Embalagem lacrada e adequada com coloração azul característica;
  • Comercialização exclusiva pelos canais autorizados da Wolf Sementes.

Para Tiago Penha Pontes, engenheiro agrônomo e gerente técnico da Wolf Sementes, a pirataria representa risco econômico, de produtividade e de imagem, além de comprometer o avanço tecnológico no setor.

“Cada saca de semente falsificada é um golpe contra o produtor e contra o futuro da agricultura responsável”, alerta.

Orientações para garantir a procedência das sementes

A APPS reforça cuidados básicos para os produtores ao adquirir sementes:

  • Verificar se o fornecedor está registrado no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas);
  • Exigir nota fiscal e termo de garantia de qualidade, emitido por laboratório credenciado;
  • Observar a integridade da embalagem, certificando-se de que esteja lacrada e sem sinais de violação.

Esses procedimentos asseguram que a semente é certificada e passou por rigorosos controles genéticos e sanitários, protegendo o investimento do produtor e a produtividade da lavoura.

As denúncias de comércio irregular podem ser feitas anonimamente no site da APPS ou diretamente no portal do MAPA 

Fonte: Portal do Agronegócio

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