Publicado em: 22/01/2021 às 13:40hs
Esta, fundamental no enfrentamento da duríssima crise da Covid-19, é o fruto da resiliência, competência e profissionalismo dos produtores rurais, mulheres e homens que trabalham no campo e todos os demais elos da cadeia produtiva.
O sentimento está expresso, com todas as letras, no Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), recém-divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a CropLife Brasil. Ao fechar o terceiro trimestre no patamar recorde de 127 pontos, subindo 15,3 degraus em relação aos três meses imediatamente anteriores, o indicador carrega uma forte mensagem de coragem e superação aos brasileiros.
Cabe explicar a metodologia utilizada: acima de 100, a posição é de otimismo e abaixo, de pessimismo. É interessante notar que, na composição do índice, o segmento dos entrevistados de dentro da porteira, ou seja, os agropecuaristas, é o que apresentou o melhor resultado, com 132,7 pontos, seguido pela agroindústria (123,3) e empresas de insumos agrícolas (122).
Os números são congruentes com o desempenho setorial. A safra de grãos 2019/20, um recorde, está estimada em 257 milhões de toneladas, 4,8% acima na comparação com 2018/2019. Quase 70% do aumento referem-se a ganhos de produtividade e eficiência, impulsionados por tecnologia. Ademais, o agronegócio, cujo PIB é de R$ 1,55 trilhão, representa 21,7% do nacional e suas exportações, 43% do total do País, garantindo o superávit de nossa balança comercial, com embarques significativos de produtos como soja, carnes, cereais e do complexo sucroalcooleiro.
O campo não se abateu com a pandemia e ante fatores internos de nosso país passíveis de prejudicá-lo, como alguns projetos relativos à reforma tributária em trâmite no Congresso Nacional, que podem aumentar sua taxação agravando os custos da produção em 2021. Em São Paulo, estado forte no agronegócio, o governo tem dialogado com o setor e sido razoável no aspecto fiscal. O Brasil precisa mesmo de um sistema de impostos mais moderno e desburocratizado, entretanto menos oneroso para a sociedade, em especial no tocante aos segmentos que mais geram empregos, renda e divisas internacionais.
Resiliente, a agropecuária segue cultivando sementes de esperança. Porém, alerta sobre a importância de concluirmos, na agenda de 2021, as reformas estruturais, como a administrativa e a tributária, mas sem aumentar os já pesados ônus dos impostos e taxas pagos à União, estados e municípios. Mais importante do que tudo, entretanto, é que tenhamos um eficaz plano nacional de imunização contra a Covid-19, à medida que se liberem as vacinas em fase final de testes, como já estão fazendo várias nações. É prioritário proteger nossa gente e evitar novas ondas de contaminação. Além da prioritária defesa da saúde dos brasileiros, a medida é decisiva para a plena retomada das atividades econômicas.
A terra na qual em se plantando tudo dá tem desafiado o improvável e germinado produção e otimismo recordes. Porém, realizar o impossível pode ter limites.
João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário do setor agrícola e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).
Fonte: Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação
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