Publicado em: 29/12/2025 às 10:30hs
A safra brasileira de cana-de-açúcar em 2025 superou as expectativas e mostrou recuperação após um 2024 marcado por dificuldades climáticas e incêndios. De acordo com o analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, Lucas Brunetti, o ciclo anterior foi impactado por longos períodos de estiagem e grandes focos de incêndio entre agosto e setembro.
“Por muito tempo não sabíamos o quanto a cana seria prejudicada por esses acontecimentos. A safra acabou vindo pior do que a do ano anterior, mas ainda assim melhor do que esperávamos”, afirmou Brunetti.
Segundo o analista, o início da colheita foi desafiador, com produtividade muito baixa e baixo teor de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) devido ao desenvolvimento limitado da cana e aos impactos da seca e do fogo.
“Os talhões estavam parcialmente queimados, o que reduziu a qualidade e o rendimento agrícola. No entanto, nas principais regiões produtoras, observamos uma recuperação importante na produtividade ao longo do ano”, destacou Brunetti.
A melhora nas condições climáticas e o manejo adequado contribuíram para que os índices de produtividade se recuperassem gradualmente, evitando uma queda mais acentuada do que o previsto inicialmente.
De acordo com o relatório mais recente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), o volume de cana moída na safra 2025/26 atingiu 592,27 milhões de toneladas no Centro-Sul do país entre 1º de abril de 2024 e 1º de dezembro de 2025, representando uma leve queda de 1,92% em relação ao mesmo período da temporada anterior, que registrou 603,86 milhões de toneladas.
A produção de açúcar aumentou 1,13%, totalizando 39,90 milhões de toneladas, enquanto a produção total de etanol caiu 5,43%, chegando a 29,54 bilhões de litros.
O mix de produção também se alterou: 51,12% da cana colhida foi direcionada à fabricação de açúcar, ante 48,34% na safra anterior. Já a fatia destinada ao etanol caiu de 51,66% para 48,88%.
O aumento da oferta global, com excedentes estimados em mais de 5 milhões de toneladas na safra 2024/25, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), resultou em forte pressão sobre o mercado internacional de açúcar ao longo de 2025.
Os contratos futuros do açúcar bruto na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram o ano em torno de 15,00 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 15% em relação ao fechamento de 2024, que havia sido de aproximadamente 17,70 centavos. O movimento reflete a ampla oferta mundial e a recuperação da produção em importantes países exportadores, como o Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
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