Publicado em: 01/12/2025 às 19:20hs
De acordo com o relatório Visão Agro 2025/26, da Consultoria Agro Itaú BBA, as projeções climáticas apontam para um fenômeno La Niña de baixa intensidade e curta duração, com pico entre novembro e dezembro de 2025 e transição para neutralidade no início de 2026.
O cenário tende a favorecer a safra de verão no Brasil e na Argentina, embora possa haver redução de chuvas no extremo Sul do país durante dezembro.
Mesmo com a redução da área plantada nos Estados Unidos, o balanço global de soja deve atingir níveis elevados de produção. A projeção de boas safras no Brasil e na Argentina deve manter estoques confortáveis e pressionar os preços.
O Itaú BBA projeta margem agrícola de 33% para 2025/26, contra 45% na safra anterior, com o preço médio recuando de R$ 109 para R$ 106 por saca. A consultoria alerta que, sem uma quebra significativa de safra, o produtor enfrentará um cenário de rentabilidade menor.
Nos Estados Unidos, a produção de milho deve alcançar 425 milhões de toneladas, impulsionada por maior área e produtividade, o que tende a manter os preços sob pressão.
No Brasil, o atraso no plantio da soja em estados como Goiás e Minas Gerais pode comprometer a janela ideal da segunda safra, restringindo a expansão do milho safrinha. Ainda assim, o cereal segue como a cultura mais atrativa pela boa liquidez e rentabilidade.
A margem agrícola projetada recua de 40% para 30%, com custo médio subindo para R$ 3.736/ha.
O mercado de trigo encerra 2025 sob forte pressão internacional, segundo o Itaú BBA. A produção mundial deve atingir 829 milhões de toneladas, com estoques de 271,4 milhões — o maior volume em quatro anos.
Mesmo com redução da área plantada no Brasil, a produtividade manteve-se elevada, mas as chuvas e granizos no Sul afetaram a qualidade do grão, elevando a incidência de micotoxina DON.
Com o real valorizado e as importações argentinas em alta, a margem agrícola segue negativa, variando entre -12% e -16% conforme a região.
O arroz mantém trajetória de queda, com o preço médio de R$ 56 por saca em novembro, cerca de 50% inferior ao mesmo período de 2024.
O excesso de oferta e câmbio desfavorável limitaram as exportações, elevando os estoques de passagem para mais de 2 milhões de toneladas.
Mesmo com redução de área e menor investimento tecnológico, a rentabilidade segue comprimida, com margem negativa de 8%.
A produção de algodão nos EUA e na China deve crescer, ampliando a oferta mundial e reduzindo as margens dos produtores brasileiros.
No Brasil, a área plantada deve diminuir levemente devido ao aumento de custos e preços menores. A margem projetada cai de 39% para 24%, com preço médio da pluma recuando de R$ 128 para R$ 119 por arroba.
A demanda têxtil global enfraquecida e as incertezas comerciais devem manter os preços estáveis em 2026.
A pecuária de corte deve encerrar 2025 com recorde de abates e exportações, mas a partir de 2026, o menor volume de fêmeas abatidas e o recuo da oferta de gado podem sustentar alta nos preços.
A valorização do bezerro tende a continuar, com o ciclo de reposição em retomada.
Com a oferta limitada em concorrentes como EUA e Austrália, o Brasil deve manter liderança nas exportações de carne bovina.
Após enfrentar restrições temporárias por gripe aviária, o setor de frango se recupera, com produção prevista para crescer 2% em 2026.
Mesmo com risco de atraso no milho safrinha, os custos de ração permanecem favoráveis, garantindo margens positivas.
A consultoria reforça a importância da biossegurança para preservar o acesso a mercados internacionais.
A suinocultura brasileira vive um dos melhores momentos da história, com crescimento de 5% na produção e 15% nas exportações em 2025.
A demanda asiática, especialmente de Filipinas, Japão e Vietnã, impulsiona o setor, enquanto o baixo custo do milho e do farelo de soja garante margens robustas.
O Itaú BBA alerta, porém, que é essencial planejar investimentos e manter liquidez, diante da volatilidade típica do mercado.
Após sete meses de seca, o retorno das chuvas em novembro indica boa recuperação das lavouras de arábica. A projeção é de safra superior em 2026, com 62,8 milhões de sacas.
Mesmo com custos em alta, as margens seguem positivas — 71% no arábica e 62% no conilon.
O mercado global deve permanecer volátil, mas sem quedas acentuadas de preço, segundo o Itaú BBA.
Com estimativa de 307 milhões de caixas, a safra de laranja 2025/26 marca queda nas cotações e margens menores para o produtor.
A indústria prioriza frutas de melhor qualidade e ratio mais elevado, reduzindo o aproveitamento de laranjas com baixo teor de açúcar.
Nos EUA, a retirada da tarifa de 10% sobre o suco brasileiro impulsiona as exportações, mas o preço interno deve permanecer abaixo de R$ 50 por caixa.
Mesmo com queda nos preços do açúcar, a rentabilidade das usinas foi garantida por fixações antecipadas.
Para 2026/27, espera-se migração maior para o etanol, impulsionada pela alta da mistura anidro-gasolina para 30% e pelo avanço da produção de etanol de milho, que deve alcançar 12,2 bilhões de litros.
O Itaú BBA prevê crescimento expressivo da oferta total, o que poderá pressionar preços a partir do segundo semestre de 2026.
Após o pico do primeiro semestre de 2025, os preços dos fertilizantes recuaram, especialmente os fosfatados e nitrogenados, com a retomada das exportações chinesas.
Mesmo assim, permanecem em níveis elevados, e o setor segue vulnerável a riscos geopolíticos.
No Brasil, as importações seguem firmes, mas o atraso nas compras para a próxima safra pode gerar gargalos logísticos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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