Há algumas semanas comentamos a lenta negociação do trigo nacional, com preços gaúchos e mesmo paranaenses rebaixando-se pesquisa após pesquisa. Já nas compras de trigo americano, o mercado brasileiro foi destaque em movimentação de negócios no relatório de hoje, bem como no ano safra local.

MERCADO BRASILEIRO SUSTENTANDO BOA PARTE DA DEMANDA PELO TRIGO HARD AMERICANO

Dados publicados na manhã de hoje (horário de Brasília) mostraram compra de 140,5 mil toneladas de trigo americano por parte de compradores brasileiros, na semana de 19 a 26/06. Deste volume 90,5 mil toneladas de trigo hard (equivalente ao nosso trigo pão) e 45,0 mil toneladas de trigo soft.

No acumulado do ano safra 585,7 mil toneladas foram compradas e ainda não entregues ao mercado brasileiro e outras 355,0 mil toneladas foram entregues (ou pelo menos já embarcadas). Assim sendo, temos o total de 940 mil toneladas compradas.

E DENTRO DA COTA ISENTA DA TEC, QUANTO RESTA?

Se imaginarmos que a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) saiu oficialmente no dia 25/06 e que assim sendo parte dos embarques realizados no início do ano safra atual (a partir de 01 de junho) ainda já teriam chegado aos portos brasileiros, podemos imaginar que a cota isenta teria no máximo 200 mil toneladas a serem adquiridas.

Sendo que outro ponto a se considerar é que o mês de agosto tradicionalmente concentra bons volumes de trigo canadense, para fabricação das farinhas de panetones. Logo além destes dados americanos, vale a pena observar os dados canadenses também, que provavelmente irão contribuir com a cota isenta.

ALGUM EFEITO AO TRIGO NACIONAL?

Notícia ruim deste relatório é mais uma vez a aquisição de trigo soft, algo que compete diretamente com os embarques do trigo nacional ao Nordeste e mesmo Sudeste, já que no momento moinhos se abastecem desta classe de trigo, restando pouca necessidade nos meses seguintes (colheita).

O fato de que das 940 mil toneladas compradas, 841 mil toneladas foram de trigo hard mostram pouca interferência no mercdo spot de trigo nacional, já que não há neste momento a preços competitivos trigo nacional com qualidade semelhante. No entanto, se imaginarmos que temos trigo de boa qualidade e em grande quantidade vindos do interior de São Paulo e Norte do Paraná neste ano safra, isso limita vendas ao sudeste deste produto no momento de colheita.