Análise de Mercado

Produtores brasileiros de Trigo avançam no plantio enquanto moinhos monitoram importações

Setor enfrenta desafios com alta do dólar e custos de importação


Publicado em: 21/06/2024 às 20:00hs

Produtores brasileiros de Trigo avançam no plantio enquanto moinhos monitoram importações

O mercado doméstico de trigo no Brasil continua registrando negócios pontuais, com os vendedores mantendo posições firmes devido à escassez de oferta interna e aos altos custos de importação. Segundo Elcio Bento, analista de Safras & Mercado, a recente alta de 7% do dólar em relação ao real reforça essa postura dos produtores.

Por outro lado, os moinhos permanecem cautelosos. A queda de mais de 15% nas cotações norte-americanas em Kansas/Chicago no último mês está sendo monitorada de perto. "O trigo de Kansas já é competitivo em relação ao argentino em praticamente todas as regiões brasileiras, exceto no Rio Grande do Sul. Se a tendência de baixa no mercado externo continuar, adotar uma postura mais agressiva pode ser arriscado. Além disso, os moinhos enfrentam dificuldades para repassar os aumentos do custo do grão para a farinha, o que faz com que comprem apenas para atender necessidades imediatas", explica Bento.

Situação no Paraná

O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná informou em seu relatório semanal que o plantio da safra 2023/24 de trigo no estado atingiu 91% da área estimada de 1,117 milhão de hectares. Este número representa uma redução de 21% em comparação aos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.

Segundo o Deral, 79% das lavouras estão em boas condições, 17% em situação média e 4% em condições ruins. As fases de desenvolvimento das plantações incluem 18% em germinação, 71% em crescimento vegetativo, 10% em floração e 1% em frutificação. No dia 10 de junho, 82% da área já havia sido plantada, com 83% das lavouras em boas condições, 14% em situação média e 3% em condições ruins.

A produção de trigo do Paraná em 2023/24 está projetada em 3,713 milhões de toneladas, um aumento de 2% em relação às 3,645 milhões de toneladas colhidas na temporada anterior. A produtividade média é estimada em 3.323 quilos por hectare, superando os 2.583 quilos por hectare registrados na safra anterior.

Condições no Rio Grande do Sul

Segundo a Emater/RS, as condições climáticas de tempo seco e temperaturas elevadas aceleraram o plantio de trigo no Rio Grande do Sul. Os trabalhos de plantio se estenderam para o período noturno, aumentando significativamente a área cultivada. Contudo, essas condições climáticas reduziram a umidade do solo, dificultando a uniformidade da semeadura.

A partir de 13 de junho, os produtores reduziram ou interromperam a semeadura para aprimorar as condições de plantio. Chuvas moderadas a partir de 15 de junho ajudaram na emergência das lavouras recém-semeadas, embora em algumas regiões a precipitação excessiva tenha causado erosão nas áreas plantadas recentemente.

Em termos de manejo sanitário, o foco tem sido o controle de plantas invasoras, com o uso de combinações de herbicidas pré e pós-emergentes. A área cultivada no estado em 2023 foi de 1.505.807 hectares, com uma produtividade de 1.751 kg/ha. A Emater/RS-Ascar está realizando o levantamento de intenção de plantio para a safra de 2024, com expectativa de uma leve redução devido aos baixos preços do cereal e à frustração de produtividade na última safra.

Cenário na Argentina

O Ministério da Economia da Argentina, através da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca, divulgou que o plantio de trigo da safra 2024/25 alcançou 57% da área total prevista de 6,309 milhões de hectares. Na semana anterior, a semeadura estava em 39%, e no mesmo período da safra anterior, havia atingido 50% dos 5,916 milhões de hectares previstos para a temporada 2023/24.

Com esses dados, fica evidente que os produtores brasileiros de trigo estão focados no plantio enquanto os moinhos observam cautelosamente o mercado internacional, buscando oportunidades de importação em um cenário de alta volatilidade cambial e custos de produção elevados.

Fonte: Portal do Agronegócio

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