Análise de Mercado

Produção recorde de café e soja impulsiona o protagonismo do Brasil no agronegócio, aponta ABIA

Crescimento das safras reforça papel estratégico do Brasil no mercado global


Publicado em: 30/05/2025 às 11:15hs

Produção recorde de café e soja impulsiona o protagonismo do Brasil no agronegócio, aponta ABIA

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) divulgou em seu relatório de abril de 2025 um panorama sobre as principais commodities agrícolas, destacando o aumento expressivo na produção de café e soja. Mesmo diante de um cenário global marcado por preços voláteis e desafios logísticos, o Brasil se consolida como um fornecedor essencial para o abastecimento alimentar mundial.

Cleber Sabonaro, gerente de economia e inteligência competitiva da ABIA, ressalta:

“Apesar dos desafios globais, como tensões geopolíticas e gargalos logísticos, o Brasil permanece como um dos pilares da cadeia alimentar mundial, com uma produção robusta que fortalece nossa vantagem competitiva.”

Impacto das commodities nos custos da indústria de alimentos

Sabonaro destaca que a valorização das commodities influencia diretamente o custo industrial, pois matérias-primas e embalagens representam mais de 60% do custo total de produção no setor alimentício.

Café: produção recorde impulsionada por clima e tecnologia

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a safra de café conilon deve alcançar 18,7 milhões de sacas de 60 kg, um crescimento de 27,9% em relação ao ciclo anterior. Esse aumento é resultado da ampliação das áreas plantadas, investimentos tecnológicos e condições climáticas favoráveis.

“O café exemplifica como a modernização do campo gera ganhos produtivos que beneficiam toda a cadeia de alimentos e bebidas, garantindo estabilidade na oferta e controle dos custos,” explica Sabonaro.

Apesar do crescimento, os preços do café seguem elevados devido à baixa dos estoques globais e à forte demanda internacional.

Soja: demanda chinesa mantém mercado aquecido

A safra de soja 2024/2025 está estimada em 168,3 milhões de toneladas pela CONAB, um aumento de 14% em comparação com o ciclo anterior, mantendo a soja como principal cultura do país. A China permanece como maior comprador, respondendo por mais de 70% das exportações brasileiras desde 2011.

Sabonaro destaca:

“A relação comercial com a China é fundamental. Qualquer variação na demanda chinesa impacta diretamente os preços e o mercado doméstico.”

No segmento de derivados, o óleo de soja atingiu preços recordes globalmente devido à alta demanda por óleos vegetais e oferta limitada. No Brasil, houve uma queda de 1,9% em abril, influenciada pela valorização do real, mas os valores permanecem acima dos níveis de 2024.

Outras commodities em destaque
  • Açúcar: Preços subiram 1,9% em abril no Brasil, mas acumulam queda de 3,3% em 12 meses. A produção prevista é de 45,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. “Com exportações indianas limitadas, o mercado global segue ajustado, o que tende a manter os preços sustentados”, comenta Sabonaro.
  • Arroz: Preços recuaram 7,1% em abril e 25,1% no acumulado anual. A produção nacional deve crescer 14,8%, atingindo 12,14 milhões de toneladas, refletindo o aumento global da oferta. A previsão é de queda nos preços ao consumidor.
  • Cacau: Subiu 11,1% em abril e 5,5% no ano no Brasil. Após três anos de déficit, a ICCO projeta superávit global, o que pode reduzir a volatilidade dos preços. Sabonaro observa: “Oferta estável é essencial para planejamento e contratos de longo prazo.”
  • Leite: Alta de 5,4% em abril e 19,9% no acumulado anual. A produção nacional deve crescer até 2,5% em 2025. Contudo, estoques elevados e demanda doméstica enfraquecida podem pressionar preços ao produtor.
  • Milho: Queda de 6,1% em abril no Brasil, mas alta de 40,3% no acumulado anual. A produção prevista é de 126,9 milhões de toneladas, com a safrinha garantindo o abastecimento interno, principalmente para proteínas animais.
  • Trigo: No Paraná, preços subiram 2,9% em abril e 23,5% no acumulado anual. Apesar do crescimento de 4,6% na produção nacional, o Brasil ainda depende de importações, mantendo a pressão sobre preços internos.
Índice FAO reflete alta global dos alimentos

O índice de preços dos alimentos da FAO atingiu 128,3 pontos em abril, com alta de 1% no mês e 7,6% em 12 meses. O aumento foi puxado por carnes, laticínios e cereais, enquanto óleos vegetais e açúcar apresentaram queda.

Desafios e perspectivas para o setor

O relatório reforça que, apesar das oscilações causadas por fatores climáticos, geopolíticos e cambiais, o Brasil mantém ritmo firme na produção e abastecimento alimentar. O setor industrial precisa seguir investindo em tecnologia, sustentabilidade e diálogo na cadeia produtiva para preservar a competitividade e o papel de protagonista no mercado global.

Sabonaro conclui:

“O setor deve continuar focado em inovação e sustentabilidade para garantir sua relevância tanto no mercado interno quanto no cenário internacional.”

Acesse o relatório completo

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias