Análise de Mercado

Presidente da Coamo fala sobre a expectativa em relação à safra 2014/15

Iniciada oficialmente no dia 1º de julho, a safra 2014/15 de grãos deve ser boa em termos de volume mas com incertezas em relação aos preços, na avaliação do presidente da Cooperativa Coamo, José Aroldo Gallassini


Publicado em: 21/07/2014 às 12:30hs

Presidente da Coamo fala sobre a expectativa em relação à safra 2014/15

Iniciada oficialmente no dia 1º de julho, a safra 2014/15 de grãos deve ser boa em termos de volume mas com incertezas em relação aos preços, na avaliação do presidente da Cooperativa Coamo, José Aroldo Gallassini. Ele falou sobre o assunto durante visita à sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, na tarde desta quarta-feira (16/07). Acompanhado de Antônio Sérgio Gabriel, superintendente administrativo financeiro da Coamo, Gallassini foi recebido pelo presidente João Paulo Koslovski e pelo superintendente José Roberto Ricken.

Grande safra - “Deveremos ter uma grande safra e é importante produzir bem porque os custos são elevados. Por outro lado, temos que ter uma política do governo, de preços mínimos que cubram os custos, e também apoio na exportação. Dessa forma, não teremos grandes problemas e vamos produzir bem e cada vez mais. Esse é o objetivo do produtor. Procurar buscar novas tecnologias, aumentar as produtividades e isso tem ocorrido no Brasil. O setor agrícola tem sido o esteio da economia brasileira, com grande representatividade na participação do PIB nacional, e nós esperamos que ele continue com essa função”, afirmou Gallassini.

Milho safrinha - O presidente da Coamo acredita que os agricultores terão um resultado bastante positivo com o milho segunda safra, mais conhecido como milho safrinha. “Nós gostaríamos de chamá-la de segunda safra, mas não pega. É milho safrinha mesmo, apesar de ser muito maior que o da primeira safra, de verão. As lavouras estão em fase de colheita e acredito que deverá render uma grande safra. Pena que temos um excedente grande de milho e, nesse último ano, as exportações para outros países não estão no mesmo volume, como registrado no ano passado, por exemplo. Isso faz com que o excedente pressione o preço”, disse.

Cotações internacionais - Da mesma forma, as cotações dos grãos estão caindo no mercado internacional. “Há um tempo atrás, a soja, por exemplo, chegou a ficar entre US$ 17 e US$ 18 por bushel de 27,3 quilos. Depois, foi caindo e, agora, nos últimos meses, tem ficado entre US$ 10 e US$ 11. É uma situação preocupante”, ressaltou. Ele lembra que isso ocorre por influência das projeções de safra. “Há uma previsão da safra norte-americana chegar a cerca de 104 milhões de toneladas de soja. Nunca os Estados Unidos produziram tanto. Na última safra, foram cerca de 89,5 milhões de toneladas. No Brasil, foram produzidas 87,5 milhões de toneladas de soja na safra passada e a previsão é chegar até 91 milhões de toneladas nesta safra. São safras grandes que fazem com que os preços baixem na Bolsa de Chicago”, afirma. Ele destaca ainda que, embora esteja transcorrendo muito bem, ainda é preciso aguardar até setembro para que se confirmem os resultados da safra norte-americana. “Há muita coisa ainda pela frente. Hoje temos uma expectativa um pouco pessimista quanto aos preços, mas amanhã tudo pode ser diferente”, destaca.

Trigo - Em relação ao trigo, a expectativa de produção também é boa, de acordo com o presidente da Coamo. “Aumentou bastante a área de plantio. Agora estamos com parte das lavouras na fase de enchimento dos grãos. Mais para o sul, o trigo é plantado mais tarde. O que preocupa um pouco foi a ocorrência de algumas doenças como brusone e giberela, devido ao clima. Houve uma necessidade maior de tratamento. As lavouras plantadas mais tarde ainda não tiveram problemas maiores com doenças. Em termos de volumes, não há como fazer uma projeção porque o trigo é uma lavoura de risco e é bom falar depois. Mas deve ser bem maior que do ano passado, já que a geada matou 70% do cereal. Se tudo correr bem, deveremos receber na Coamo umas 12 milhões de sacas. Porém, temos que aguardar devido à ocorrência de doenças e há ainda um ciclo todo para correr, principalmente na região sul”, disse.

Soja - Devido ao grande volume da safrinha, muitos produtores deverão reduzir o cultivo do milho na safra de verão. “Em alguns lugares, existe a possibilidade de que o plantio deverá ser 50% menor. E essa área vai passar para soja, que terá sua área aumentada. Mas temos tudo ainda pela frente em relação à cultura, já que ela será vai ser plantada somente a partir do fim de setembro”, disse Gallassini.