Publicado em: 14/08/2013 às 11:00hs
O fator preço – abaixo do esperado e para alguns em um limite muito próximo ao custo de produção de uma saca - tem deixado o produtor à espera por momento melhores e com isso o mercado futuro está andando muito lentamente. A comercialização registrada até o momento é quase metade de todo volume negociado em igual momento do ano passado.
Como avalia o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), por meio do Boletim Semanal da Soja, divulgado na última segunda-feira, a cautela se dá em função do preço, considerado atrativo. O principal sintoma da paradeira está no ritmo das vendas. No ano passado, neste mesmo momento, 55% da safra estimada estava antecipadamente negociada e neste ano apenas 26,7%.
“Neste contexto, o produtor está negociando apenas o necessário para cobrir os custos de produção”. Em grande parte, essa comercialização está ocorrendo no sistema de troca, ou seja, o produtor disponibiliza parte de sua produção em troca de todos os insumos para a formação da lavoura.
Mas o que chama à atenção dos analistas neste Boletim é o preço paridade, valor que leva em consideração o contrato futuro com vencimento para março de 2014 – referência para o mercado interno - na Bolsa de Chicago. “No mês de julho ficou cotado em média no Estado a R$ 46,30 a saca. Diferentemente do preço ofertado pelas empresas, que ficou com uma média de R$ 44,84/saca. A diferença entre estes valores pode estar no preço do frete para fazer o escoamento até os portos, que é estipulado pelas empresas. Na safra 2012/13 o custo com frete teve uma elevação muito grande, chegando a valorizar 50% em relação à safra anterior”, aponta o Imea.
As maiores diferenças nesse preço ocorreram nas praças de Sapezal, Diamantino e Campo Verde, com um valor menor em 7,12%, 5,13% e 3,73%, respectivamente, diferenças essas que persistem até o momento.
Com a expectativa de que no ano que vem isso se repita, os preços do frete projetados para a próxima safra estão bastante elevados. Desta forma, em algumas cidades os preços disponibilizados pelas empresas estão descolados dos calculados pelo Imea. “Cabe aos produtores ir a busca de melhores preços, via pesquisas de mercado, sempre com o custo de produção bem definido para poder decidir quais preços são atrativos, possibilitando obter lucro com a comercialização da nova produção”.
MERCADO INTERNO: Os preços registrados no mercado interno mato-grossense, para a saca de soja entregue em fevereiro de 2014 com pagamento para o mês seguinte, apresentaram média de R$ 43,47 na semana passada. No comparativo semanal os preços registraram variação negativa, influenciados principalmente pela redução do dólar, de 0,9%. A Bolsa de Valores de Chicago apresentou leve variação semanal positiva, apesar da queda de 1,3% ocorrida após o relatório positivo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado na segunda-feira.
O município de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) apresentou a maior queda, de 7,5%, fechando a semana com a saca de soja para entrega fevereiro e pagamento em março cotada a R$ 40,25. Em Nova Mutum e Rondonópolis as quedas foram de 2,7% e 0,3% e os respectivos preços pagos nestas praças na última sexta-feira foram de R$ 41,25/sc e R$ 45,82/sc.
DIFERENCIAL – Como avalia o Imea, o dólar teve neste ano grande valorização. De janeiro até a segunda semana de agosto, a elevação no câmbio foi de 12%, saído de R$ 2,04 para R$ 2,30. No dia 7 de agosto, o dólar teve o maior aumento desde março de 2009, sendo cotado a R$ 2,329. Esse aumento é reflexo da fuga de capital para o mercado externo (principalmente para os Estados Unidos). Economicamente o Brasil não se encontra em posição vantajosa, não tendo havido crescimento desejável além de uma inflação alta. A elevação do dólar não foi mais intensa devido à atuação do Banco Central brasileiro. “Para os produtores a alta do preço do dólar é positiva para quem já comprou os insumos e neutra para os que ainda não o fizeram. É válido lembrar que se o dólar cair os produtores que compraram os insumos estarão em uma posição desvantajosa, desta forma, a estabilidade da moeda seria a melhor opção”.
Fonte: Diário de Cuiabá
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