Publicado em: 28/07/2025 às 19:40hs
A mais recente análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente ao período de 18 a 24 de julho, revela que os preços do trigo no Brasil seguem sem reação, mesmo com o fim do plantio da nova safra e a expressiva redução na área cultivada e nas projeções de produção.
No Rio Grande do Sul, as principais praças mantêm a cotação em torno de R$ 70 por saca para o trigo de melhor qualidade. No Paraná, o valor também segue estável, cotado a R$ 78. Essa estabilidade ocorre mesmo diante de uma oferta mais limitada.
Um dos principais fatores que impede uma recuperação nos preços internos é a concorrência com o trigo importado. Segundo a Ceema, os moinhos localizados no litoral brasileiro continuam recebendo trigo de alta qualidade vindo do exterior, com preços semelhantes aos praticados no interior do país. Essa preferência tem dificultado o avanço nas cotações nacionais.
Outro ponto de pressão sobre os preços domésticos é a antecipação da colheita no Centro-Oeste, que elevou a oferta interna do cereal. A disponibilidade maior no mercado antes do período tradicional de colheita reduz o espaço para valorização no curto prazo.
Apesar da estabilidade atual, analistas da TF Agroeconômica destacam que há expectativa de melhora nos preços apenas a partir de fevereiro ou março de 2026, especialmente se ocorrer desvalorização do real frente ao dólar ou uma recuperação nas cotações internacionais. Diante disso, a recomendação para os produtores é de cautela:
“Quem precisa vender os grãos deve manter a cautela e aguardar melhores condições. Já os compradores devem agir rapidamente para aproveitar as oportunidades atuais”, orientam os especialistas.
Mesmo com a possível recuperação no horizonte, o avanço dos preços poderá ser limitado pela safra da Argentina. O país vizinho deve colher cerca de 20 milhões de toneladas de trigo, com potencial de exportação de até 13 milhões de toneladas. Esse volume elevado poderá manter o mercado brasileiro abastecido e dificultar a valorização do produto nacional.
No cenário internacional, a perspectiva também é de aumento na oferta. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima uma produção mundial de 808,6 milhões de toneladas de trigo para o ciclo 2025/26, o que representa um crescimento de 1,1% em relação ao período anterior.
Com a colheita da nova safra brasileira prevista para começar em setembro, especialmente no Paraná, a Ceema reforça que o foco do mercado estará na qualidade dos grãos, além do volume.
“Não basta apenas volume, é preciso ter qualidade do grão para que o mesmo realmente se valorize no mercado”, conclui a entidade.
Fonte: Portal do Agronegócio
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