Foto: José Fernando Ogura

O preço das terras agricultáveis do Paraná apresentou uma queda média de 5% no comparativo entre março de 2024 e março de 2023. Essa redução foi atribuída principalmente à menor rentabilidade da soja, um dos principais produtos de referência para a comercialização de terras no estado.

Apesar da queda, a desvalorização das terras não foi tão acentuada quanto a do próprio preço da soja. Em março de 2023, a saca de soja era vendida por R$ 149,15, enquanto em março de 2024 o preço médio estava em R$ 105,72, representando uma baixa de 29%. No mesmo período, o custo de produção também caiu, passando de R$ 122 para R$ 107,22, uma redução de 12%.

Carlos Hugo Godinho, coordenador da Divisão de Conjuntura do Deral, explicou que o impacto na rentabilidade do produtor não depende apenas do preço final, mas do lucro obtido com sua produção. "A terra é um ativo muito importante, e o que realmente conta é a capacidade de retorno financeiro que ela proporciona ao produtor", afirmou. Ele acrescentou que, mesmo com a queda do preço da soja, se o custo de produção também cair, a rentabilidade pode se manter estável.

O levantamento realizado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, publicado na última segunda-feira (29), revelou que o maior preço de terra na categoria A-I, que inclui áreas planas, férteis, bem drenadas e profundas, foi encontrado em Maringá, no Norte do Estado, onde o hectare alcançou R$ 175 mil. Por outro lado, o menor preço para o grupo A-I foi registrado em Adrianópolis, no Vale do Ribeira, região metropolitana de Curitiba, onde o hectare foi avaliado em R$ 20,5 mil.

Godinho destacou que esses extremos são exceções, e que a média dos preços para terras de soja no Paraná varia entre R$ 41 mil e R$ 96 mil, dependendo das características do local. No ano passado, essa média estava entre R$ 60 mil e R$ 103 mil.

A classificação do Deral para terras agricultáveis no Paraná divide-se em três grupos. O grupo A, com classes de I a IV, inclui terras planas e férteis até áreas mais íngremes ou rasas, que têm uso restrito para agricultura. O grupo B, para terras utilizadas em pastagens ou reflorestamento, tem classes VI e VII, com valores médios de R$ 41 mil para a classe VI e R$ 29 mil para a classe VII, uma redução de cerca de 2,4% em relação ao ano passado. Já o grupo C, de terras impróprias para agricultura, tem uma média de preço de R$ 12 mil.

Godinho ressaltou que uma propriedade pode ter mais de uma classe de terras e que a avaliação do Deral leva em conta diversos aspectos, como infraestrutura de transporte, acesso ao mercado consumidor e restrições de plantio. Além disso, o potencial de cultivo influencia no valor, sendo menor em áreas onde se faz alternância entre soja e trigo, e maior em locais com três safras consecutivas ao longo do ano.

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