Publicado em: 28/06/2018 às 11:50hs
Com os preços dos grãos em alta e os investimentos das cooperativas nos segmentos de suínos, frangos e piscicultura, os produtores paranaenses tratam de ampliar a capacidade de produção. Os planos são cautelosos, principalmente por conta dos percalços recentes no setor de carnes e também pela escassez de terras disponíveis para a expansão das lavouras, mas o ânimo no campo ainda resiste.
O produtor Eneci Rizzo, associado da cooperativa C.Vale em Palotina desde 1985, adquiriu em junho uma área de dez hectares contígua à propriedade de 170 hectares para aumentar as áreas de soja no verão e milho no inverno. O preço, equivalente a 1,7 mil sacas de soja por hectare, assustou um pouco, pois representa o triplo do que ele pagaria há pouco mais de dez anos, mas a oportunidade rara de estender a lavoura o estimulou a fechar o negócio.
"Não tem muita área disponível, mas a produtividade vem crescendo nos últimos anos graças à tecnologia e aos transgênicos", diz Rizzo, que nos últimos quatro anos concentrou os investimentos em máquinas e desde lá aumentou o rendimento da soja em mais de 10%, para 72 sacas por hectare.
A situação da soja estava melhor até a greve dos caminhoneiros, em maio, diz o produtor, mas agora há impasse na formação de preço dos fretes. A cotação da saca do grão também caiu de cerca de R$ 72 para R$ 66 a R$ 68 na região na terceira semana de junho, mas ainda está acima do ano passado. Conforme o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), em junho de 2017 os agricultores paranaenses receberam, em média, R$ 58,31 pelo produto.
Com 175 hectares em São Miguel do Iguaçu, Diogo de Mattia colheu 60 sacas de soja por hectare, um rendimento semelhante ao de 2016/17. Para o milho da segunda safra, ele espera uma leve queda em comparação com as cem sacas colhidas no ano passado, por conta de uma estiagem de 40 dias na região, mas a alta na cotação média de R$ 20,63 em maio de 2017 para R$ 32,01 em maio desde ano, segundo o Deral, ajuda a compensar a quebra.
A safra do produtor vai para a cooperativa Lar, assim como a produção de frangos que será duplicada até meados de 2019. O plano de Mattia é investir R$ 2,5 milhões na construção de mais quatro aviários para aumentar para 1,4 milhão o número de frangos entregues à cooperativa por ano. Hoje ele tem cinco galpões, que produzem 110 mil aves a cada dois meses, num total de 660 mil por ano.
Wilant Von Boo, de Carambeí, dobrou a entrega de suínos para a Frísia em 2015, para 12 mil animais por ano, quando a cooperativa inaugurou uma unidade de produção de leitões para 5 mil matrizes. Dono também de 300 hectares de soja, milho e trigo, agora o produtor espera a "luz no fim do túnel" quando a Rússia retomar a importação de carne brasileira, suspensa no ano passado. "Mas não estou nada otimista", afirma.
A cautela também tem a ver com a alta dos custos da suinocultura, embora os integrados não estejam tão expostos às oscilações. Conforme o Deral, os preços das rações balanceadas subiram de 4% a 20% em 12 meses até maio de 2018, enquanto o preço médio recebido pelos suinocultores independentes caiu 17,5%, para R$ 2,98 o quilo. "Se ele não produz o milho para ração, o custo de produção pode ir a R$ 3,40 o quilo", diz o chefe de planejamento agrícola do departamento, Edmar Gervásio.
Em Palotina, Renato Burin planta 180 mil hectares de soja e milho e vai aumentar os próximos lotes de frango de 156 mil para 196 mil cabeças a cada dois meses porque a C.Vale, à qual é associado, ficou fora do embargo da União Europeia. Ele também planeja mais do que dobrar a produção de tilápias para o frigorífico de peixes inaugurado pela cooperativa no ano passado. Segundo o produtor, a piscicultura é mais atrativa do que a integração de frangos porque demanda menos equipamentos e manejo mais simples.
Fonte: AviSite
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