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Polinização animal impulsiona 12,6% da produção agrícola do Paraná, aponta IBGE

Estado apresenta crescimento acima da média nacional no impacto dos polinizadores; projeto estadual busca ampliar preservação das abelhas nativas


Publicado em: 24/07/2025 às 11:55hs

Polinização animal impulsiona 12,6% da produção agrícola do Paraná, aponta IBGE
Foto: IDR-PR
Contribuição dos polinizadores na agricultura paranaense cresce acima da média nacional

Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a polinização realizada por animais foi responsável por, em média, 12,6% do valor da produção agrícola do Paraná em 2023. Esse índice vem crescendo de forma constante desde 2018, com uma evolução média anual de 0,33 pontos percentuais no estado — acima da média nacional de 0,27 pontos no mesmo período.

O levantamento, intitulado “Contribuição dos Polinizadores para as Produções Agrícola e Extrativista do Brasil”, destaca a relevância dos animais polinizadores para a agricultura e a segurança alimentar no país.

Dependência da agricultura brasileira dos polinizadores

De acordo com o IBGE, aproximadamente 75% das culturas agrícolas no Brasil dependem, em algum grau, da ação de polinizadores como abelhas, aves e morcegos. Esses animais desempenham um papel essencial no aumento da produtividade, na qualidade dos frutos e na sustentabilidade das lavouras.

A polinização é o processo de transferência do pólen das estruturas masculinas para as femininas das flores, possibilitando a formação de frutos e sementes. Embora possa ocorrer também por meio do vento, da água ou da gravidade, a polinização animal é a mais eficaz para diversas culturas agrícolas.

Número de municípios paranaenses impactados cresce 6% em cinco anos

Em 2023, 300 municípios do Paraná tiveram mais de 10% do valor da sua produção agrícola influenciado diretamente por animais polinizadores. Em 2018, esse número era de 283 cidades — um crescimento de 6% em cinco anos.

Entre os municípios com maior dependência da polinização animal destacam-se:

  • Rio Branco do Sul (40,52%)
  • Doutor Ulysses (34,22%)
  • Cerro Azul (32,46%)
  • Morretes (31,94%)
  • Altônia (28,98%)
  • Perobal (21,58%)
  • Matinhos (21,18%)
  • Carlópolis (20,88%)
  • Campina Grande do Sul (20,64%)
Polinização por abelhas aumenta produtividade da soja no Paraná

Pesquisas conduzidas pela Embrapa, em parceria com produtores paranaenses, mostram que a polinização feita por abelhas pode elevar em até 13% a produtividade das lavouras de soja.

“Normalmente, uma vagem de soja tem de dois a três grãos. Quando polinizadas por abelhas, passam a ter até quatro ou cinco, e os grãos tendem a ser mais pesados”, explica Eduardo Mazzuchelli, coordenador regional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).

Além do ganho produtivo, a prática de integrar a produção de grãos com a criação de abelhas também promove diversificação de renda para os agricultores, que podem comercializar o mel.

“O mel dessas colmeias costuma ser mais claro e de difícil cristalização, características valorizadas pela indústria e pelo mercado externo. Com manejo adequado, a produção anual de mel pode saltar de 19 para até 50 quilos por colmeia”, afirma Mazzuchelli.

Projeto Poliniza Paraná incentiva criação de abelhas nativas sem ferrão

Reconhecendo a importância estratégica dos polinizadores, o Governo do Paraná implementou o projeto Poliniza Paraná, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest). A iniciativa consiste na criação de jardins com meliponários — colmeias de abelhas nativas sem ferrão — como forma de conservar a biodiversidade e promover a polinização natural.

O programa, parte do Paraná Mais Verde, visa transformar o estado em referência nacional na proteção das abelhas melíponas, responsáveis por cerca de 90% da polinização das espécies nativas da Mata Atlântica e por 70% das plantas cultivadas para alimentação humana.

Desde seu lançamento em janeiro de 2022, o Poliniza Paraná já implantou 205 meliponários em 29 municípios, localizados em parques urbanos, Unidades de Conservação e sedes do governo estadual, como os Palácios Iguaçu e das Araucárias, além da própria Sedest, em Curitiba.

Fonte: Portal do Agronegócio

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