Publicado em: 03/07/2025 às 10:50hs
O Sistema FAEP demonstrou preocupação com as condições apresentadas no Plano Safra 2025/26, anunciado pelo governo federal na última terça-feira (1º). A principal crítica recai sobre as taxas de juros, que subiram entre 1,5 e 2 pontos percentuais em relação à safra anterior, variando agora de 8,5% a 14% ao ano.
Em documento enviado anteriormente ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), as entidades do Paraná defenderam taxas entre 7% e 11%, de acordo com cada linha de financiamento. Para a FAEP, os juros elevados podem inviabilizar o acesso de muitos produtores aos recursos para custeio e investimento.
Além dos juros, o Plano Safra 2025/26 não contempla o seguro rural, fato que acendeu mais um sinal de alerta. Segundo o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, a falta de diálogo entre o governo federal e as entidades do setor compromete o planejamento da agropecuária.
“Esse Plano Safra é mais uma prova de como o governo federal não está olhando para o setor agropecuário como deve e merece”, afirmou Meneguette.
Outro ponto destacado pela FAEP é a preocupação com os recursos para equalização das taxas de juros — mecanismo que cobre a diferença entre as taxas de mercado e os juros subsidiados pelo Plano Safra. Embora o valor para essa finalidade ainda não tenha sido divulgado, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 prevê apenas R$ 14 bilhões, enquanto as entidades do Paraná defendem um mínimo de R$ 25 bilhões.
Meneguette relembrou que, na safra anterior, os recursos para equalização se esgotaram já no início do ano, impossibilitando a oferta de crédito pelos bancos nas condições previstas.
“Sem recursos suficientes para a equalização, corre o risco de os produtores rurais não conseguirem acessar as linhas de crédito, mesmo antes do fim da temporada”, alertou.
Apesar das críticas, o volume total de recursos do Plano Safra 2025/26 chegou próximo à demanda das entidades paranaenses. Serão R$ 594,4 bilhões destinados ao setor agropecuário: R$ 516,2 bilhões para médios e grandes produtores e R$ 78,2 bilhões para a agricultura familiar. O valor se aproxima dos R$ 597 bilhões pleiteados.
Para custeio e comercialização, serão R$ 414,7 bilhões, valor 3,3% maior que o da safra anterior, mas ligeiramente abaixo dos R$ 417 bilhões solicitados. O governo manteve o desconto de 0,5% na taxa de juros para produtores que adotarem práticas sustentáveis até junho de 2026.
No caso do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), o governo destinou R$ 69,1 bilhões em recursos controlados, com juros de 10% ao ano. Embora o volume seja superior ao da safra passada (R$ 65,23 bilhões), fica aquém dos R$ 72 bilhões solicitados pelas entidades. O limite de renda anual para acesso ao programa foi ampliado para R$ 3,3 milhões.
Um dos pontos mais criticados pela FAEP foi o corte nas linhas de crédito voltadas para investimento. O Mapa anunciou R$ 101,1 bilhões para essa finalidade, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior. As entidades paranaenses esperavam uma liberação de R$ 180 bilhões.
“Os cortes precisam ocorrer na máquina inchada do governo federal, e não em recursos voltados para o setor que segura a economia do país há anos”, afirmou Meneguette.
A FAEP conclui reafirmando o compromisso em buscar mais recursos e melhores condições para garantir que os produtores rurais tenham acesso ao crédito com previsibilidade e segurança.
Fonte: Portal do Agronegócio
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