Publicado em: 17/06/2025 às 09:30hs
Um relatório da RaboResearch, braço de pesquisa do Rabobank voltado ao agronegócio, revela que a colaboração entre empresas de proteína animal e operadores do foodservice (como restaurantes, cafés e redes de fast food) deve ser intensificada para enfrentar desafios comuns como queda no número de animais, aumento de custos, mudanças nos hábitos de consumo e exigências por sustentabilidade.
Segundo o estudo, aproximadamente 25% do volume total de proteína animal na Europa é destinado ao foodservice, canal que continua sendo estratégico para o setor, especialmente em tempos de mudanças no perfil demográfico e aumento da busca por conveniência nas refeições fora de casa.
Mesmo diante de um cenário de consumo doméstico enfraquecido, o consumo de proteína animal fora do lar segue em expansão. Em 2024, o crescimento foi maior no foodservice do que no consumo em casa. A preferência dos consumidores por carnes como hambúrguer, frango e kebab em ocasiões especiais fora do lar impulsiona esse canal, especialmente os restaurantes de serviço rápido (QSR), cujos formatos especializados estão se expandindo na Europa.
Além disso, há um fator demográfico relevante: lares com uma ou duas pessoas, que tendem a consumir mais refeições prontas, estão crescendo em número. Em países como Alemanha, Itália e Espanha, espera-se um aumento expressivo dessas residências até 2040, o que favorece o setor de foodservice.
A oferta de proteína animal é uma preocupação crescente para o foodservice. A produção de carne suína e bovina na Europa está em queda devido a fatores como restrições ambientais, sanidade animal e baixa rentabilidade. Ao mesmo tempo, a produção de frango avança, mas de forma geograficamente concentrada em regiões como Europa Central e do Sul.
Esse cenário pressiona os preços. Entre 2019 e 2025, os preços das carcaças de boi subiram 73%, de frango 56%, e de porco 53%. Para o foodservice, garantir fornecimento confiável e com qualidade uniforme será cada vez mais difícil, especialmente com a preferência por fornecedores locais, que já enfrentam limitações.
Embora o volume de importações de proteína animal na União Europeia não tenha aumentado significativamente nos últimos anos, acordos comerciais recentes, como o com o Mercosul e as negociações com a Tailândia, podem ampliar essa oferta no futuro.
No entanto, essas negociações enfrentam resistência de produtores locais e geram debates sobre competitividade. No foodservice, onde o consumidor tem menor visibilidade sobre a origem do produto, a tendência é que uma parcela maior de carnes importadas seja absorvida por esse canal, em comparação ao varejo, que prioriza produtos nacionais.
O estudo destaca que tanto o foodservice quanto o setor de proteína animal enfrentam desafios semelhantes: escassez de mão de obra, margens apertadas, custos em alta e metas ambientais. Para superá-los, a recomendação é intensificar a integração entre as cadeias.
Estratégias para empresas de proteína animal:
Estratégias para operadores de foodservice:
Com as emissões indiretas (escopo 3) representando mais de 90% do impacto ambiental do foodservice, a redução da pegada de carbono depende fortemente da colaboração com os fornecedores. Carnes de origem regenerativa, local, certificada ou orgânica estão no radar dos operadores dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis.
Casos de sucesso:
Segundo o Rabobank, a intensificação das parcerias entre o setor de proteína animal e o foodservice é essencial para fortalecer a cadeia, garantir abastecimento em um mercado em transformação e gerar valor sustentável para ambos os lados. A criação de contratos de longo prazo, inovação em produtos e maior eficiência logística são pilares dessa colaboração.
Fonte: Portal do Agronegócio
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