Publicado em: 22/11/2024 às 09:30hs
O agronegócio brasileiro, especialmente o setor agrícola, tem sido injustamente subestimado quando se trata de seu papel na mitigação de desafios globais como as mudanças climáticas, a transição energética e a segurança alimentar. A crítica é de Maurilio Biagi, presidente do Conselho de Administração da Maubisa e membro do Cosag/Fiesp, que aponta a fragilidade da imagem do setor, especialmente no cenário internacional.
O Brasil, ao longo dos últimos anos, demonstrou, com dados concretos, como o agronegócio tem contribuído significativamente para a produção de alimentos e para a sustentabilidade ambiental. Desde a década de 1990, a área cultivada com grãos no país aumentou 111%, enquanto a produção de soja, milho e outros produtos cresceu 445%. Esse avanço foi possível sem a expansão da fronteira agrícola, com a utilização de tecnologias que permitiram a produção de duas safras por ano em várias regiões, poupando cerca de 115 milhões de hectares de novas áreas. O resultado desse esforço é uma produção mais eficiente e com menor impacto ambiental.
Além disso, o Brasil preserva 6,5 milhões de hectares de mata nativa e 10 milhões de hectares de florestas plantadas, utilizadas para a produção de papel, celulose e lenha. Contudo, a contabilidade global sobre descarbonização frequentemente ignora as captações de CO2 realizadas pelo setor agrícola brasileiro, focando apenas nas emissões. Biagi defende que o agronegócio brasileiro tem sido exemplo de sustentabilidade, destacando o fato de que 48% da matriz energética do país é renovável, muito acima da média global de 15%. Aproximadamente 25% dessa matriz vem diretamente da agricultura, um dado que reforça a importância do setor para a transição energética do Brasil.
Entretanto, Biagi destaca que é necessário corrigir equívocos frequentes, como a confusão entre desmatamento legal e ilegal. A legislação ambiental brasileira, com destaque para o Código Florestal, é uma das mais rigorosas do mundo e foi fundamental para combater o desmatamento ilegal, mas ainda há avanços a serem feitos. O cadastro ambiental rural (CAR) e a regularização fundiária, especialmente em estados como São Paulo e Mato Grosso, precisam ser reforçados para coibir práticas ilegais e garantir a sustentabilidade do setor. O governo federal também tem um papel fundamental em fortalecer a fiscalização e promover a regularização de terras.
A dinâmica da produção agrícola também se reflete nos números das exportações. Enquanto em 2000 o agronegócio brasileiro exportou US$ 20 bilhões, em 2023 esse valor subiu para US$ 166 bilhões. Com um potencial de aumento de produção de 30% nos próximos dez anos, o Brasil possui as condições para consolidar-se ainda mais como líder global no fornecimento de alimentos. Contudo, o empresário ressalta que a estratégia de comunicação e diplomacia internacional do Brasil ainda precisa de ajustes. Para que o agronegócio continue a prosperar, é necessário um alinhamento entre o setor e o governo, que deve atuar como parceiro estratégico, não só nas políticas internas, mas também nas negociações externas.
Biagi conclui que é essencial romper com a polarização política que tem prejudicado o setor. Valorizar o agronegócio é, na sua visão, valorizar o Brasil, pois é ele que garante a soberania alimentar, ambiental e energética do país.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias